quinta-feira, 3 de outubro de 2013

LC, grupo C: PSG-Benfica, 3-0 (crónica)

Lição muito mal estudada dos encarnados frente a uma equipa de outro campeonato.PSG vs Benfica (EPA)


Tout court, claro que faz sentido! O Benfica conseguiria ombrear com o Barcelona como o PSG fez na última temporada? Jorge Jesus talvez pense que sim, mas a verdade é que tal nunca pareceu possível nem na altura em que defrontou os catalães nem agora que a experiência não pode ser comprovada. Os encarnados nunca em nenhum momento foram favoritos para este jogo, sobretudo na forma em que se apresentam e que é incompreensível, e as diferenças entre as duas equipas aumentaram ainda mais depois dos «olés» que se ouviram na bancada no início da segunda parte.

O que não se entende e não pode ser explicado apenas com os valores individuais do adversário é que o Paris Saint-Germain não acrescentou nada de novo ao que vinha fazendo e, mesmo assim, surpreendeu o Benfica com um resultado volumoso. Sim, é verdade que o Benfica não tem um Ibrahimovic ou um Cavani, mas estudou muito mal a lição para anular movimentos que estavam perfeitamente identificados no rival.

A teoria

A lógica dizia que Jesus tinha razão. André Almeida porque quem estava do lado de lá era Maxwell, um dos mais principais jogadores a fazer movimentos de rotura. Siqueira porque sim, é ele o dono indiscutível do lugar. Gaitán porque Van der Wiel também é muito ofensivo e o brasileiro podia precisar de apoio. E Djuricic, para haver alguém a levar a bola até Cardozo, que tinha a companhia de um central duro como Alex e um menos pressionante mas muito hábil no desarme chamado Marquinhos. Esta era a teoria, a prática teria de ser confirmada sobre o relvado.

Já a Laurent Blanc, sem Thiago Silva, só lhe restava uma coisa: esperar que Alex, desta vez, estivesse bem, depois da falsa partida há três jogos. Naquela que foi a equipa ideal que encontrou algumas jornadas depois do início da Ligue 1, e que foi gerindo nos últimos tempos, não mexeu. Lavezzi, pela sua influência na equipa, iria certamente voltar ao onze, tal como o trio do meio-campo iria ser mais de contenção, a exemplo do que tem acontecido nos jogos mais a doer: Verratti, Thiago Motta e Matuidi. A única dúvida que havia seria uma eventual troca, com o ex-Pescara mais recuado na posição 6 e o ex-Barça ao lado, com ordens para subir. Em quase toda a época tinha sido ao contrário, com Motta no meio, mas, como se disse, e porque já tinha sido tentado por Blanc numa das últimas partidas, havia a questão a perdurar no ar. Os primeiros minutos trouxeram a resposta, com Motta na posição seis.

Os perigos eram bem conhecidos. O papel de Ibrahimovic no recuo para ter a bola, fosse pelo ar ou pelo chão, e organizar o ataque; o influência dos laterais no envolvimento das defesas contrárias; a capacidade de Matuidi chegar rápido na frente; e as bolas paradas, com bons marcadores como Motta (à direita), Lavezzi ou Lucas (à esquerda) e Ibra (diretos, em zona frontal). A somar a todo isto, reconheça-se, um plantel milionário, com alguns dos melhores executantes do mundo.

A prática

Aos quatro minutos, o desequilíbrio começa no meio, com Matic a falhar a entrada perante Matuidi, que coloca em Verratti. A visão de jogo do italiano permitiu-lhe ver a corrida de Van der Wiel já na área (laterais, lembra-se?), e o holandês só teve de colocar no lado contrário em Ibra (é aquele sueco de rabo de cavalo que mexe com toda equipa), sem marcação, para que o avançado marcasse.

A boa notícia que os primeiros minutos davam era que parecia haver um pouco mais de Matic do que nos outros jogos, mas a ideia foi-se perdendo com o avolumar do resultadi. O tempo e a gestão parisiense fariam com que o Benfica se aproximasse um pouco da baliza de Sirigu. Siqueira rematou por alto na melhor oportunidade nos primeiros 45 minutos e os da Luz ficariam sem poder anular a derrota cinco minutos depois, aos 24, com o golo de Marquinhos. Mais uma vez, não estava tudo decorado. É Ibra, à vontade, que provoca o desequilíbrio com um passe de calcanhar para Verratti, o italiano desmarca Matuidi (leram lá em cima que ele chegava rápido na área?), e o francês assistiu Marquinhos para o 2-0.

Já sem Fejsa, por culpa de mais uma lesão, com Matic de novo a seis e André Gomes de volta a ser opção mais de quatro meses depois (esteve na última jornada da última Liga), o 3-0 chegaria com aparente naturalidade. Um canto (daqueles que são sempre perigosos), e Ibrahimovic, melhor e mais alto que Garay, a bisar.

A outra face

Jesus deu a outra face do Benfica no segundo tempo. Djuricic, aposta falhada por inteiro, entregou o seu lugar a Markovic. No entanto, foi Enzo quem passou para o meio, ajudando também na hora em que não havia bola. O PSG estava contente, nada o tiraria do trono do Grupo C e já tinha sido mais do que convincente. O Benfica continuou a lutar, a rematar para defesas mais ou menos fáceis de Sirigu.

Já Artur teve bem mais trabalho, mesmo com os gauleses menos aplicados. Aos 74, com o seu pé esquerdo, negou a goleada e o golo com assinatura de Cavani. A goleada pareceu sempre mais perto de acontecer do que o tento de honra dos portugueses. Os da casa acabaram a gerir. Primeiro o esforço de Verratti (Rabiot) e Lavezzi (Lucas), e depois o de Alex (Camara). E isso prova o quanto foi fácil para o PSG.



Jesus: «Os meus dirigentes estão contentes comigo»
Treinador do Benfica deu entrevista ao «L´Équipe»

Jesus "muito fragilizado" com derrota de Paris
PARECER DOS ADEPTOS É INEQUÍVOCO
Sporting:

Bruno de Carvalho: «Rui Costa? Não conheço»

Presidente do Sporting ironiza quando colocado perante o nome do adminstrador da SAD do Benfica

Bruno de Carvalho: «Rui Costa? Não conheço»
O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, foi colocado perante as declarações de Rui Costa (ver relacionados), antigo internacional português e administrador da SAD do Benfica.

O dirigente leonino começou por ironizar quando ouviu o nome Rui Costa. «A pergunta tem a ver com o que eu ouvi do Rui Costa, é isso? Valorizou bastante Portugal com o título de campeão do mundo. Fiquei extremamente feliz. Não esquece as raízes», atirou, em referência não ao dirigente encarnado, mas sim ao ciclista que ganhou a medalha de ouro em Florença.

Quanto os jornalistas referiram-se ao Benfica, o líder leonino respondeu da seguinte forma: «Não conheço.»

Refira-se que o administrador da SAD encarnada tinha respondido ao presidente do Sporting na sequência de declarações de Bruno de Carvalho (ver artigos relacionados).

O presidente leonino comentou ainda o entusiasmo com que os adeptos receberam o treino à porta aberta, que começou com muitos aplausos. «Enquanto os adeptos estiverem satisfeitos nós também estamos», referiu. «É um sinal de que o Sporting é uma força da natureza. O maior clube português.»

7ª jornada: Duarte Gomes apita o Sporting-V. Setúbal

Hugo Miguel em Coimbra e João Capela em Belém

Porto:

Kelvin: não se confirma fratura

Chegou-se a temer lesão mais grave para o brasileiro

Kelvin: não se confirma fratura
Kelvin, avançado brasileiro que foi decisivo ao título portista na época passada, sofreu lesão no joelho no encontro do F.C. Porto B, esta tarde, com o Leixões, que terminou com o triunfo dos dragões, por 0-2.

Chegou a temer-se o pior e o impacto foi enorme na saída do jogador, em choro, do relvado. Mas a reavaliação clínica trouxe boas notícias: não se confirmou fratura do osso e é possívelque a paragem não seja muito prolongada. 

Será feita nova reavaliação amanhã de manhã, no Olival.

Quando o dois-um de Paulo Fonseca não

 chega

Segurança, equilíbrio, pressão e desgaste

FC Porto vs Atlético Madrid (REUTERS)

Não há engano. O Maisfutebol analisou o desempenho do meio-campo do F.C. Porto num teste exigente na Liga dos Campeões. Paulo Fonseca alterou a disposição do setor para um 2-1 que transmite segurança mas não chegou para impedir o triunfo do Atlético de Madrid. 1-2, curiosamente.

Defour ao lado de Fernando, Lucho González com liberdade total, quase em linha com Jackson Martínez. O brasileiro deslumbrou com catorze recuperações de bola, o belga fez quarenta e oito passes certeiros, o argentino teve pouca influência no jogo. Não chegou.

Com o dois-mais-um de Paulo Fonseca, o F.C. Porto ganha segurança à frente da defesa, sai para o ataque sem sobressaltos mas depende em demasia da capacidade física e criativa dos flanqueadores. Fernando não arrisca, Defour afasta-se das zonas de decisão, sobra Lucho enquanto há energia.

Uma vez mais, os dragões entusiasmaram na etapa inicial e perderam fulgor na segunda metade. A pressão alta garante um índice de posse de bola significativo, os laterais sentem liberdade para apoiar os extremos, Jackson vai demonstrando frescura para ir a todas, até a perder.

Dois cadeados no setor intermediário

Frente ao Atlético de Madrid, Josué abriu mais uma via para a posse com segurança. Paulo Fonseca queria uma entrada forte e os dois cadeados do meio-campo portista arriscaram. Ao segundo minuto, é Defour a fugir pela esquerda, acabando por fazer falta. Logo depois, Fernando aparece pela direita, tirando um cruzamento. Nem sempre seria assim.

O F.C. Porto pressiona a toda a linha. Sufoca, mesmo. Tal como havia acontecido frente ao V. Guimarães, na primeira meia-hora. Sim, antes da queda abrupta. O adversário não intimidou e a acutilância ofensiva rende frutos: minuto 16, golo de Jackson após livre cobrado por Josué.

Entusiasmo no Estádio do Dragão, um Atlético perturbado, sem capacidade para responder pelo chão e penetrar na área. Com 25 minutos de jogo, o F.C. Porto tem 66 por cento de posse de bola. Segurança, poucos passes errados, bom índice de recuperações. Parece o plano ideal.

Já perto do intervalo, chega o primeiro susto de monta, uma bola na trave em lance de bola parada, por Raul Garcia. Antes, Arda Turan tinha sido o único a colocar os dragões em sentido, aproveitando aquela que será uma falha deste meio-campo azul e branco: distância considerável em relação ao setor defensivo, abrindo espaço à entrada da área.

Responsabilidade para os flancos

O F.C. Porto defende em 4x4x2, com Lucho González a escassos metros de Jackson Martínez. Os extremos sobem e descem de forma ininterrupta, laterais tal e qual, com o natural e consequente desgaste. Algo que se tornaria evidente na etapa complementar.

Defour veste a pele de Moutinho mas tem de ficar em linha com Fernando, sem demonstrar capacidade para aparecer na área contrária, ou lá perto. Torna-se útil na saída de bola, pedindo a mesma a Hélton, libertando os centrais dessa função. Arrisca pouco, logo erra pouco. Como Fernando, um gigante nas recuperações. Precisaria mesmo de ajuda?

Ao intervalo, Diego Simeone troca um David Villa inconsequente por Cristian Rodriguez. Raul Garcia e Gabi soltam-se, dividem funções à frente de Tiago, o F.C. Porto passa a sentir mais dificuldades pelo centro do terreno.

Ainda antes do golo espanhol, Fernando decide subir no terreno. Toca para Jackson, este perde. O problema vem depois. Filipe Luis vem esquerda para o centro e não tem oposição à altura, já que o Polvo estava fora da posição e Defour descaía para o outro lado. Remate muito perigoso, desviado por Otamendi.

Energia não renovável

Ao minuto 56, o Atlético empata. Paulo Fonseca sabe que o apoio a Jackson está limitado, perdeu energia. Sai Josué, entra Licá. Mais tarde, Lucho González regressa aos balneários, dando lugar à imprevisibilidade de Quintero. O jovem colombiano entra, remata de livre a centímetros do poste mas fica-se por aí. Não acrescentou tanto quanto seria de esperar.

A um quarto-de-hora do final, o 2-1 do F.C. Porto apresenta a maior falha no processo defensivo. Os centrais descaem para flanco, acompanhando os avançados do Atlético, Defour fecha os olhos e deixa Raul Garcia fugir. Fernando não estava lá. O espanhol isola-se mas Helton redime-se, negando o golo.

Os dragões não criam grandes lances de perigo. Para além disso, vêm o At. Madrid chegar ao segundo golo em nova bola parada. Desta vez num livre estudado, pelo chão, sem reação da equipa portista. Em fora-de-jogo. 

Corrida contra o tempo. Finalmente, Defour faz algo mais que cumprir e entregar sem risco. Assume, sobe no terreno com a bola, entrega a mesma em zonas mais ofensivas. Fernando fica e chega para as encomendas. Já em desespero, porque o 2-1 não chega, Quintero não aparece e o tempo escasseia, salta Ghilas para o terreno de jogo. Em vão. Os flancos não melhoraram, o chuveirinho não surte efeito. Derrota.

Resumo: o 2-1 no setor intermediário liberta os laterais e Lucho González (esta noite, pouco inspirado), mas afasta Defour da área contrária (zero remates do belga) e aumenta a responsabilidade dos extremos, a atacar e defender, com natural desgaste. Garante segurança e provável domínio na posse de bola, dezenas de passes certos a meio-campo. Nem sempre chega.

Fernando: 41 passes certos, 7 passes errados, 1 remate, 1 cruzamento, 14 recuperações de bola
Defour: 49 passes certos, 6 passes errados, 1 cruzamento, 2 faltas cometidas, 1 falta sofrida, 5 recuperações de bola.
Lucho González: 18 passes certos, 5 passes errados, 2 remates, 1 falta cometida, 1 falta sofrida, 2 recuperações de bola.
Quintero: 5 passes certos, 2 passes errados, 1 remate, 1 cruzamento.


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