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Os novos iPhones foram recebidos com o habitual entusiasmo pelos fãs da Apple que acolheram as (poucas) novidades em funcionalidades e o tamanho XL do iPhone 6 Plus. O teste nos novos smartphones e até tentou dobrá-los.
Depois de vários anos de fidelidade a um modelo único, a Apple começou a abrir horizontes para novos formatos do iPhone no ano passado, lançando a par do iPhone 5s a versão iPhone 5c, um modelo low end mas não low cost do bem sucedido smartphone. Este ano a marca foi mais longe na diferenciação e embarcou numa das tendências de mercado que mais tem contribuído para o desenvolvimento de novos segmentos: a dos ecrãs de tamanho XL, também designados como phablets.
O anúncio foi recebido com o frisson habitual por parte dos fãs da marca, e voltaram a registar-se valores record de pré-vendas no primeiro fim de semana, seguidos pelas habituais filas à porta das lojas e, mais uma vez, habituais vendas record nos primeiros dias nos países que receberam os telemóveis logo no dia 19 de setembro.
Em Portugal as pré-vendas tiveram início nessa mesma data, e embora as operadoras não revelem números o acesso aos sites foi grande e as primeiras vendas concretizaram-se logo à meia noite e três minutos. As unidades disponíveis na primeira fase esgotaram rapidamente, mesmo que algumas operadoras móveis não tenham colocado à venda todas as configurações dos dois modelos.
Apesar de todas as polémicas dos problemas do novo iOS 8, e da “excessiva flexibilidade” do iPhone 6 Plus, o entusiasmo não arrefeceu também em Portugal e na passada sexta feira os telemóveis chegaram às lojas, onde não se registaram filas.
Já tínhamos dado algumas indicações sobre o que pode encontrar nos novos iPhones, que podem funcionar como um “guia de compras”, mas a verdade é que só a experiência de utilização permite verificar as verdadeiras mudanças dos novos modelos e as diferenças entre as duas versões do iPhone. E por isso aqui estamos a escrever as nossas conclusões de uma “árdua” análise aos dois novos smartphones da Apple.
Há que dizer que não é fácil testar os dois em simultâneo: é complicado arranjar bolsos suficientes, e mesmo mãos para tanto telemóvel. E é difícil não nos distrairmos do objetivo principal e ceder à tentação de exibir os equipamentos que motivam muitos olhares de curiosidade, e até mesmo de inveja…
A boa notícia é que ao fim de alguns dias de adaptação se aplica o lema definido por Fernando Pessoa para um anúncio à Coca-Cola: primeiro estranha-se e depois… entranha-se.
Simples ou Plus?
Entre os dois novos modelos, é o iPhone 6 Plus que gera naturalmente mais curiosidade. O “pequeno” iPhone 6, como muitos já lhe chamam, é uma evolução incremental do iPhone 5s, embora com um ecrã maior e com mais capacidade de processamento, e uma elegância mais arredondada que recorda os primeiros modelos apresentados por Steve Jobs. Mas o iPhone 6 Plus é a estrela.
O iPhone da geração anterior tinha já um ecrã pequeno para a norma do mercado e da concorrência Android e Windows Phone, mas o novo ecrã de 4,7 polegadas do iPhone 6 sobe à medida das expectativas de quem procura explorar melhor os conteúdos multimédia das páginas web e das aplicações, e mesmo os vídeos.
Face ao modelo que foi lançado no ano passado, o novo iPhone 6 até já pode ser considerado grande e não facilita a utilização com apenas uma mão, mesmo por quem tem dedos longos, a menor largura, menos quase um centímetro, mas mantém uma elegância sóbria e em comparação o iPhone 6 Plus torna-se estupidamente grande e é realmente difícil “ter mãozinhas” para gerir tanto telefone.
O próprio formato arredondado, e o material macio e deslizante do chassi, tornam a utilização perigosa. A qualquer momento parece que o smartphone vai escorregar e cair, com resultados pouco felizes como assistimos já num dos vídeos que se tornou rapidamente viral na estreia do iPhone.
Aqui as opções assumidas por outros fabricantes de phablets – alguns de ecrãs ainda mais generosos – são mais cautelosas, usando materiais rugosos e um formato menos arredondado.
A escolha da Apple recaiu num design muito semelhante entre o iPhone 6 e o iPhone 6 Plus, mas se no modelo mais pequeno o resultado é elegante e prático, no modelo maior o mesmo já não acontece. Pelo menos para quem tem mãos mais pequenas.
Usar apenas uma mão para chegar aos ícones, abrir o centro de notificações, fazer uma chamada ou escrever um simples SMS transforma-se numa operação complicada, obrigando sempre à ajuda de outra mão, o que não é prático em muitas situações.
Operacionalidade à parte, o iPhone 6 Plus não deixa de ter o seu “Q” de elegância, conseguindo ser fino e leve q.b. e tornando-se numa excelente “montra” para todos os conteúdos multimédia.
E uma coisa é certa: coloque os dois novos modelos em cima de uma mesa e espere pelas reações. Em qual pegam as pessoas primeiro? Não é difícil de adivinhar que o iPhone 6 Plus ganha largamente. E a fórmula parece funcionar também nas lojas, onde além de pegar é preciso pagar mais de 799 euros e uma diferença de preço de 100 euros para a mesma capacidade de armazenamento.
Mais performance. E a resistência?
Para além do fator exterior, por dentro os novos iPhones não mudam assim tanto como provavelmente os utilizadores gostariam. O novo processador é mais rápido, é o A8, coadjuvado pelo Coprocessador de movimento M8, que também já era usado no iPhone 5s.
A qualidade do ecrã – e não só o tamanho, também se faz sentir na resolução e nitidez da imagem, e ainda nos excelentes ângulos de visualização conseguidos. Eas melhorias da câmara fotográfica são notórias mesmo para quem só quer fazer selfies e fotografia ocasional.
A principal alteração está porém no sistema operativo, e nas funcionalidades que adiciona e melhora na usabilidade.
Os problemas que afligiram a primeira versão do sistema operativo já estão corrigidos e foi preciso atualizar os novos iPhones para a versão 8.0.2 para evitar as mesmas dores de cabeça experimentadas pelos utilizadores nos primeiros dias.
Mas a diferença que se faz através do sistema operativo renovado não é exclusiva dos iPhone 6 e 6 plus, estendendo-se até ao iPhone 4S que ainda pode usar esta atualização para se renovar. E por isso não pode ser apresentado como uma vantagem nesta análise.
Há porém outras melhorias a descobrir, e que ainda não podem ser exploradas de forma completa, como a integração das capacidades do NFC que potenciam o sistema de pagamentos Apple Pay e que tão cedo não chegarão a Portugal.
Quanto à bateria não conseguimos nunca "esticar" a duração até perto dos níveis anunciados pela Apple. Ficámos longe das 12 horas de utilização de internet e 14 horas de vídeo referidos para o iPhone 6 Plus, ou das 10 e 11 horas para as mesmas funções do iPhone 6... O tipo de utilização feito nestes testes está muito fora dos padrões normais, mas tivemos de recorrer à ligação à tomada elétrica bastante mais cedo do que estava previsto.
Numa análise global, estes são certamente os melhores iPhones já produzidos pela Apple, mesmo sem qualquer revolução significativa. Muitos fãs da marca podem considerar que os smartphones já atingiram a excelência e é difícil superar essa fasquia, mesmo que naturalmente seja isso que se espera todos os anos aquando do lançamento de novos equipamentos.
A qualidade de fabrico é indiscutível e o iPhone 6 passou os testes de resistência realizados com as provas mais duras. E para contrariar o Bendgate, e as críticas do excesso de flexibilidade do iPhone 6 Plus, a Apple abriu as portas do centro de testes. Mas mesmo assim não deixou de ser gozada.
Durante a última semana tentámos por várias vezes dobrar o iPhone 6 Plus. Aliás, era uma das primeiras coisas que todas as pessoas se ofereciam para fazer quando agarravam no novo smartphone. Mas ou os esforços foram poucos ou a eficácia dos executores não era grande. No final devolvemos o smartphone sem qualquer curvatura…
Também já tínhamos elogiado a superfície continua em metal polido, com o design arredondado, que lhe conferem um aspeto elegante – mais notório no iPhone 6. Mas o que aqui destoa é a lente saliente da câmara, sem qualquer proteção. Se Steve Jobs ainda fosse vivo este conceito não passava, comentou um colega. E provavelmente tem razão. É demasiado estranho num telemóvel tão bem acabadinho e sem arestas …. Até pode “caber” melhor na utilização de capas, mas esse não pode ter sido a lógica aplicada pelos “gurus” do design…
Qual escolher: iPhone 6 ou iPhone 6 Plus?
Se considerarmos que esta análise conjunta pode ajudar um utilizador a escolher se vai comprar um ou outro, qual a melhor pergunta a colocar? Estamos perante um binómio Tamanho/Preço?
Alguns dias de experiência deixaram mais dúvidas do que certezas sobre qual dos dois é o melhor smartphone. O facto de não terem grandes diferenças de funcionalidades, resumindo-se a separação ao tamanho e ao preço pode deixar os utilizadores mais racionais a pender fortemente para o iPhone 6.
O iPhone 6 Plus é muito grande. Demasiado. E sem as vantagens que já identificámos noutros modelos XL, como o Note da Samsung ou o Hero da Alcatel e o Huawei Mate 7. Não deixa de trazer a sensação de ter “crescido” demais, mas é uma excelente montra para os conteúdos multimédia.
Para quem usa o smartphone sobretudo sobre uma superfície, ou com as duas mãos, o desconforto é menor. E há também efetivamente quem tenha as mãos maiores e garanta um encaixe diferente, ou quem desenvolva alguns truques, como usar o dedo mindinho a fazer de suporte…
Mas para além do puro tamanho do ecrã (e da qualidade) há poucas vantagens adicionais no iPhone 6 Plus face ao modelo “base”, sobretudo que justifiquem os 100 euros a mais para as mesmas configurações. Esta é uma análise racional que aparentemente contraria aquilo que é a principal tendência do mercado, já que o iPhone 6 Plus parece estar a registar maior procura.
Podemos sempre pensar que o mercado é soberano na decisão, mas há que admitir que 999 euros por um telemóvel é um valor excessivo. Sobretudo num país onde o salário mínimo acaba de subir para pouco mais de 500 euros….
E como comparam com a concorrência?
A pergunta é lógica para todos os que não são fãs inabaláveis da Apple. Se pensa que o iPhone é o melhor do universo, independentemente das opções assumidas pela Apple e do que a concorrência apresenta, então é melhor abandonar já a leitura desta página.
Mas se está disponível para uma avaliação racional, baseada na qualidade do hardware, especificações técnicas e com o balanceamento certo para o software e o ecossistema de aplicações / funcionalidades, então vale a pena considerar outras opções que já estão no mercado, ou que chegarão em breve.
No domínio dos smartphones < 5 polegadas, e características de topo de gama, vale a pena olhar para o Samsung S5, o HTC One M8 e o Sony Xperia 3 no “mundo Android” e para o Lumia 930 da linha do Windows Phone. Todos são smartphones com especificações à altura do iPhone e os preços dentro da mesma ordem de grandezas.
Na concorrência aos ecrãs XL o iPhone 6 Plus enfrenta outros pesos pesados. Alguns têm a chancela de marcas já com alguma tradição em phablets, nomeadamente o Note da Samsung que já vai na quarta geração, o LG G3, o Huawei Mate 7 ou o Lumia 1520. Aqui encontra concorrentes com fatores de diferenciação, como a utilização de uma caneta na introdução de dados, e com preços bastante mais “simpáticos” para qualquer carteira.
O certo é que opções no mercado não faltam, e outras vão surgir nos próximos meses. E que, correndo o risco de nos repetirmos, pagar entre 699 euros e 999 euros por um smartphone é uma pequena fortuna. Mesmo que considere que o equipamento é um companheiro do dia a dia, uma base de trabalho e lazer, e fundamental para uma afirmação de estatuto.
Do outro lado da balança há que pesar que o ecossistema da Apple é atualmente o que oferece maior número de opções em termos de aplicações, e uma solução mais completa nos vários domínios, da produtividade à segurança, passando pelo entretenimento. A Apple tem sabido atrair os melhores parceiros e continuar a inovar, embora a Google se esforce por conseguir o mesmo registo no Android. E só mesmo quem tem alergia a “maçãs” pode não reconhecer que o modelo funciona, é quase infalível e mesmo que não seja à prova de bala está perto…
Conclusão? Não há. Todos os argumentos confluem numa equação para a qual não há uma resposta única. Os novos iPhones são smartphones de excelência, mas são caros e o iPhone 6 Plus é (demasiado) grande.