segunda-feira, 17 de março de 2014



A Google, no processo de venda da Motorola à empresa chinesa Lenovo, não incluiu uma importante área de pesquisa existente na Motorola, mais concretamente a ATAP (Advanced Technology and Projects), uma área visionária de pesquisa e projectos inovadores.

Esse grupo está identificado em relatórios recentes, como sendo responsável pelos mais populares e “inovadores” projectos que a Google apresentou recentemente. Um desses exemplos é o Projecto ARA. Mas há mais, por exemplo o comprimido que gera uma palavra-passe quando é engolido pelo utilizador, a que eles chamam de “Vitamin authentication pill”… é rebuscado, sim, mas é interessante o conceito. E que mais haverá?




Existem muitos outros projectos fantásticos pois este departamento da Motorola é uma incubadora de grandes ideias. Outro exemplo fantástico são as Tatuagens electrónicas. Não se espante, é mesmo isso que leu, pode ter a certeza que tatuar irá ter um “meio” electrónico para comunicar.

Este assunto pode ser um tanto futurista, para lá do viável, mas faz sentido. A pessoa pode transportar consigo o acesso ao tal “código” pessoal e intransmissível. Provavelmente é um assunto que em breve será abordado de forma muito séria como sendo a alternativa a tudo o que conhecemos, para termos sempre a chave de segurança. É um facto que estaremos a pouco mais que 5 anos desta realidade.


Tatuagens electrónicas com componentes flexíveis e duradoiros.




Mas o que são as Tatuagens electrónicas?

Antes de mais vamos separar as águas. Não se trata de uma tatuagem tal como as conhecemos: não há agulhas, não há tinta ou um qualquer piercing na nossa pele. A razão pela qual lhe deram o nome de “tatuagem” é que a aplicação que criaram se assemelha àquelas tatuagens falsas que colocávamos em criança que normalmente vinham nas pastilhas elásticas… lembram-se?

Isto porque essas tatuagens vinham numa película de plástico e colocando as mesmas na pele, pressionando, era transferida para a pele a imagem, uma tinta de borracha que estava sobre a nossa pele, as mais modernas eram pequenos fios de silicone.

O conceito por detrás das tatuagens electrónicas é simples. A ideia é criar um dispositivo electrónico, usualmente envolvendo sensores, que seja fino como uma folha de papel e flexível como um penso-rápido que se cole à nossa pele. O segredo deste dispositivo são os componentes electrónicos flexíveis e o cerne da questão é esta inovação passar a fazer parte do nosso corpo de uma forma não invasiva, indolor e barata.


A nanotecnologia permite um sem número de sensores flexíveis.



Adicionalmente aos sensores, o pacote electrónico terá a capacidade de transmitir sem-fios, o que permite não só uma interacção directa com o sensor mas também o controlo remoto de smartphones ou de computadores.


Mas porque aparecem agora as Tatuagens electrónicas?

Quase todos os grandes saltos tecnológicos são antecedidos pelo aparecimento de materiais revolucionários. Por exemplo, a revolução nos computadores deveu-se à revolução dos semicondutores, incluindo o silício, que vieram substituir as válvulas termiónicas o que trouxe a este mundo a existência da Lei de Moore, definindo que o número de transístores em circuitos integrados duplica a cada dois anos.


Novos componentes permitem um desenvolvimento rápido de alta tecnologia.



A revolução da tatuagem electrónica está a chegar porque o desenvolvimento de dispositivos electrónicos está numa escala nano e altamente flexível. De facto, o desenvolvimento da electrónica flexível está a acontecer há décadas. Grande parte dos consumíveis electrónicos, desde telefones às câmaras digitais, contêm circuitos que são flexíveis permitindo que se possam dobrar e arrumar para ocuparem pouco espaço. Mas, nestes últimos anos, apareceram circuitos que se podem dobrar, enrolar, esticar e mais importante que possam ser repetidamente dobrados sem que avariem.


Para que servem as tatuagens electrónicas?

O cientista John Rogers e a sua empresa MC10, desenvolveram circuitos electrónicos flexíveis que se fixam directamente sobre a pele como tatuagens temporárias para monitorizar a saúde de um utente. Chamaram-lhe Biostamp e são constituídos por uma “malha electrónica fina” que, tal como vimos anteriormente, se fixa à pele e mede a temperatura, hidratação e tensão arterial.

Rogers sugere que os seus dispositivos “epidérmicos electrónicos” poderiam ser desenvolvidos em grande massa para uso na saúde, permitindo uma monitorização dos pacientes sem os ter amarrados a “grandes máquinas”. Não só seria mais barato como a taxa de sucesso seria altamente favorável.


Este tipo de tecnologia serviria de monitorização constante de sinais vitais de um bebé, por exemplo.



Mas há muitas outras aplicações desta tecnologia como, por exemplo, no campo no âmbito atlético e desportivo. Esta tecnologia poderia dizer quando um atleta estava a precisar de se hidratar para uma melhor performance física, detectar a fadiga muscular, entre tantos outros itens que podem ser recolhidos em tempo real. Mesmo ao nível “pessoal” do dia-a-dia, estes dispositivos poderiam ter muita utilidade, como avisá-lo quando estivesse ao sol e necessitasse de um protector solar, até ao ponto de servir de monitorização dos sinais vitais das pessoas mais idosas ou mesmo de um bebé. Tudo com a facilidade de comunicação, preço e importância à vida humana.

A Google, por exemplo, tem patentes específicas para uma tatuagem electrónica que funciona como umdetector de mentiras. Há também uma tatuagem no pescoço que transmite sons da garganta para um smartphone ou para outro dispositivo ao qual esteja ligado. A ideia pode ser útil e servir como microfone para falar em um ambientes barulhentos.

Estas são algumas ideias já em prática e que, em breve, poderão fazer parte do seu dia-a-dia. São tecnologias emergentes nas mãos de grandes empresas que pretendem em breve criar necessidades para justificar estas inovações. Há uma fome constante por tecnologia revolucionária… o futuro já começou, estará pronto para o usar?

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