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terça-feira, 31 de março de 2015
Um verdadeiro sucesso...
Como é que uma empresa que chega tarde ao mercado dos smartphones consegue afirmar-se e até contornar a questão da saturação que existe em alguns países? Deixando o telemóvel falar por si e deixando que a experiência de utilização contagie os consumidores
Quando o diretor executivo da Asus, Jerry Shen, falava sobre a estratégia da tecnológica para o Zenfone 2 na Europa, descreveu em primeiro lugar aquilo que já se tinha passado noutros países. E o relato fazia lembrar o de um filme de ficção científica no qual há um vírus que se espalha pelo mundo.
China: mil unidades. França: 200 unidades. EUA: 700 unidades. Taiwan: 300 unidades. Rússia: 300 unidades. Países do Sudeste da Ásia: mil unidades. Estes foram os Zenfone dados a utilizadores beta e depois foi só colher o sucesso.
E a estratégia de marketing da Asus funciona justamente como um vírus: colocam o smartphone na mão de alguns opinion makers e esperam simplesmente que a tecnologia do dispositivo fale por si.
Por esta razão a empresa focou-se em três aspetos que para o executivo da tecnológica são cruciais: design, câmara fotográfica e interface de utilizador. Se o telemóvel for bonito, se as fotografias tiveram qualidade e se o software for fluído, então os utilizadores ficam conquistados e esse sentimento positivo vai espalhar-se a outras pessoas, acredita a marca.
Confrontado com a ideia de que em Portugal o mercado dos dispositivos de gama média e das marcas que lutam no ringue "relação qualidade-preço já está populado, Jerry Shen revelou não estar preocupado pois para ele, o novo Zenfone 2 luta diretamente com o melhor dos iPhone e com o melhor dos Galaxy.
Jerry Shen não tem problemas em admitir que parte da estratégia é inspirada no sucesso e insucesso já experimentado pelos rivais. Por exemplo, a empresa apenas pretende revelar um smartphone por ano - tal como a Apple - e não vários equipamentos que vão desvalorizando à medida que novos modelos vão chegando. Isto porque o objetivo é manter a linha de preço sempre estável.
Mas o alinhamento da Asus para 2015 não é tão simples como à primeira vista pode parecer, isto porque o Zenfone 2 tem na realidade três modelos que não diferenciam de nome entre si - e que pode causar "perigo" na hora de comprar o dispositivo.
O ZE551ML é a versão topo de gama, apresentando um ecrã de 5,5 polegadas Full HD, processador Intel Atom a 2,3Ghz, 4GB de RAM e 32 GB de armazenamento interno. Vai custar 349 euro.
Um pouco mais abaixo surge a versão ZE550ML com um ecrã de 5,5 polegadas e resolução HD, processador Intel Atom de quatro núcleos a 1,8Ghz, 2GB de RAM e 16GB de armazenamento. O preço será de 249 euros.
Por fim aparece o modelo ZE500CL, o mais modesto, mas também o mais barato: por 179 euros os utilizadores garantem um smartphone com ecrã de cinco polegadas e resolução HD, processador de quatro núcleos a 1,6Ghz, 2GB de RAM e 8GB de armazenamento.
A tecnológica de Taiwan está a atravessar um momento de confiança justamente conseguido graças à aposta feita no mercado dos smartphones. Em apenas um ano o modelo original do Zenfone vendeu dez milhões de unidades, um valor conseguido muito graças aos mercados com economias emergentes, mas não deixa de ser um número significativo tendo em conta a quantidade de marcas, dispositivos e preços que existem disponíveis.
Já em 2015 a Asus ambiciona entrar no top dos 10 maiores vendedores de smartphones do mundo e para o ano, revelou o CEO , a meta é mais ambiciosa: lutar pelo sexto lugar do top de vendas mundiais, o que possivelmente fará com que algumas empresas conhecidas, como a Microsoft, possam ficar "para trás".
Por fim a pergunta inevitável: está a Asus a preparar um Windows Phone, dada a grande tradição que a empresa tem com o sistema operativo ao nível de computadores e híbridos? A resposta não veio num formato tão direto, mas Jerry Shen acabou por passar a ideia de que as pessoas estão neste momento no Android e que até para o iOS, segundo classificado nesta guerra, há uma diferença gigante. Portanto se é para estar, se é para construir e se é para crescer, será com o apoio do software da Google.