sexta-feira, 13 de março de 2015

A tecnológica de Taiwan continua a apostar em tablets Android que vão um pouco além da concorrência. A fórmula tem sido aprimorada ao longo dos últimos anos e neste momento os Transformer já conseguem bater-se com alguns portáteis que existem no mercado.


Quando se fala em equipamentos híbridos, o mais difícil não é explicar aos utilizadores aquilo que eles podem ganhar e quais as vantagens do investimento. Facilmente um consumidor fica deslumbrado com a ideia de um portátil que pode ser um tablet e vice-versa.

Difícil é talvez mostrar aos utilizadores que ao apostarem nestes equipamentos estão obrigatoriamente a fazer concessões - se ganham na portabilidade, perdem por exemplo no desempenho e na autonomia. Mas o mercado está a mudar e como sempre, a um grande ritmo.

Isso significa que os dispositivos 2-em-1 estão a aprender rapidamente com os erros do passado. Basta pensar por exemplo no Surface Pro 3 da Microsoft, aquela que é uma das melhores propostas de híbridos que estão neste momento à disposição dos consumidores.

Mas o dispositivo da Microsoft é um topo de gama neste segmento e é Windows. Existem alternativas no mercado para preços mais baixos e com outros sistemas operativos. E é aqui que entra o Transformer Pad, mais uma aposta da Asus no segmento dos tablets Android focados na produtividade e na versatilidade.

Isto porque além de o dispositivo ser um tablet em toda a linha, tem um teclado que lhe garante um maior dinamismo relativamente a alguns concorrentes do mercado, como por exemplo o Sony Xperia Z3 Tablet Compact. As questões que se colocam são: será que o teclado faz assim tanta diferença?; e pelos 429 euros pedidos, não faria mais sentido investir num portátil tradicional?



Pode-se já adiantar que o equipamento tem uma construção muito apelativa e que o desempenho não compromete as tarefas mais produtivas fazíveis num tablet. Mas também tem um punhado de “senãos” que mesmo não colocando em causa a qualidade geral do produto, levam o utilizador a questionar a verdadeira ambição da Asus neste segmento.


Mais bonito como híbrido do que como tablet


Em primeiro lugar é preciso esclarecer que a análise foca-se no Transformer Pad TF303CL como um tablet, isto porque vem equipado com Android e não há nada a nível de software diferente o suficiente para o considerar como um portátil. No máximo este dispositivo é um híbrido.

E como tablet - só o ecrã por assim dizer - o Asus apesar de ter uma construção interessante, sobretudo no aspeto arredondado e na traseira rugosa e simultaneamente suave, acaba por ter um design um pouco grosseiro.

A espessura do equipamento não é pequena - tem quase 10 milímetros, em comparação com os 6,6 milímetros do Samsung Galaxy Tab S por exemplo - e os rebordos em torno do ecrã são bastante largos, fazendo com que o dispositivo pareça ligeiramente maior, ainda que apresente um já generoso ecrã de dez polegadas.

Mas quando acoplado ao teclado, o caso muda de figura. É como se o Transformer Pad vestisse o seu melhor casaco. Apesar da construção em plástico, o cinzento escovado escolhido como cor do teclado e as teclas pretas ajudam a criar um melhor feelingrelativamente ao equipamento.

Fechados, o tablet e o teclado formam uma espécie de concha muito harmoniosa na maneira como as linhas das duas partes se conjugam.

Para um equipamento tão pequeno, o peso é capaz de ser um pouco acima do que seria de esperar, mas os 1,15 quilogramas transportam-se facilmente numa mochila ou numa carteira de senhora.



O mecanismo que une o ecrã e o teclado funciona bem e o utilizador não precisa de se esforçar para separar as partes, nem para as unir. A dobradiça que permite este trabalho apresenta bastante robustez, o que apesar de ser uma vantagem, acaba também por ser um ponto negativo pois torna difícil abrir o híbrido apenas com uma mão.

Esta mesma dobradiça é também limitada já que restringe e muito o grau de inclinação do ecrã. Além disso, à medida que a dobradiça roda vai criado um alto na base do equipamento, o que faz com que o mesmo se vá levantando - e na nossa opinião isto tira alguma estabilidade ao dispositivo.

No campo do aspeto do Transformer Pad pode também falar-se do ecrã de 10 polegadas que apesar de garantir uma resolução um pouco acima do Full HD, acaba por não ser muito impressionante no detalhe e na definição dos elementos - letras de textos ou imagens de elevada qualidade.

O que este ecrã tem de muito bom são os ângulos de visão pelo que se estiver completamente enviesado relativamente ao olhar de diferentes pessoas, mantém sempre as cores com um bom nível de saturação.

No geral o ecrã do tablet cumpre bastante bem e irá produzir uma boa experiência de utilização quando está a jogar ou a ver vídeos no YouTube. Falta-lhe alguma definição, é certo, mas os bons níveis de contraste que consegue atingir assim como a boa saturação das cores acabam por equilibrar a balança.


O poder das teclas físicas


Ainda que alguns utilizadores já consigam ajeitar-se na produção de documentos em ecrãs táteis, a verdade é que não há nada como o poder das teclas físicas. A escrita sai com maior precisão, sai mais rápida e sai mais intuitiva pois os dedos sabem para onde devem "escorregar" a seguir. É só vantagens.

E o teclado que vem com o Asus ajuda realmente a perceber essa diferença. Um teclado ajuda de facto a tornar o Android mais produtivo, sobretudo ao nível do tratamento de informação e de navegação em conteúdos muito densos - como uma folha de Excel por exemplo. Isto porque o teclado do Transformer Pad vem equipado com um trackpad. O "pacote" completo para que o utilizador possa ter uma experiência a mais próxima possível da de um portátil tradicional.

Mesmo não sendo muito grandes, as teclas têm tamanho suficiente para que a escrita seja veloz e precisa, isto porque cada botão tem um mecanismo de resposta muito bom. Tão depressa está a baixar a tecla, como a mesma já está a levantar-se, o que induz a uma maior velocidade de escrita.

Algumas teclas nas extremidades é que podem ser difíceis de manusear, como as teclas de apoio à acentuação ou as teclas de navegação, mas nada disto condiciona de forma significativa toda a experiência de utilização.



E dependendo das exigências e necessidades de cada pessoa, talvez este Android híbrido já possa assumir de facto a responsabilidade de substituição de um portátil. Do tempo que passámos com o Transformer, nunca sentimos uma grande diferença de utilização relativamente aos portáteis tradicionais sobretudo porque uma boa parte das tarefas fazem-se atualmente na Internet e nesse campo este tablet Asus cumpre bem.

Nesta área o processador de quatro núcleos ajuda e bastante. O Asus TF303CL sempre foi rápido a responder às ações pedidas e nunca apresentou engasgos ou quebras de rendimento. Algo que no universo Android apesar de ser cada vez mais comum, ainda está longe de ser uma norma o que dá valor às fabricantes que já garantem esta utilização “limpa”.

Streaming de vídeos, videochamadas e jogos como FIFA 15 Ultimate Team não representam um desafio para o tablet.

Claro que se a ideia passa por produtividade a sério, como modelação 3D, ter várias aplicações abertas lado a lado ou até usar uma ferramenta de edição de vídeo mais ambiciosa, este “portátil” não serve esses propósitos. Nem devia.

O que a Asus quer mostrar é que para os que consideram um tablet como um equipamento suficiente para a maioria das tarefas do dia a dia, então o Transformer Pad pode ser a escolha certa pois acrescenta um bom teclado. Corroborar esta ideia de que para um determinado grupo de utilizadores, este será mesmo o caminho a seguir se é versatilidade que procuram.

No entanto há falhas a apontar. A Asus não potencia totalmente a presença do teclado. Voltando ao trackpad, o mesmo não tem uma sensibilidade muito apurada e isso é um revés, o que muitas vezes pode levar o utilizador a escolher o conteúdo com a ponta do dedo em vez de usar o "rato". E assim sendo o teclado acaba por perder parte do seu sentido.

O facto de a Asus não usar o periférico de escrita como uma segunda bateria também é uma opção condenável. Ao fazer esta aposta, nem que mínima fosse, a tecnológica estaria a garantir mais algumas horas de vida que podiam ser úteis justamente quando o utilizador está num modo mais... produtivo.











Asus Transformer Pad TF303CL 

Ecrã: 10,1 polegadas com resolução de 1.980x1.200 píxeis (WUXGA)
Tecnologia de ecrã: IPS com capacidade para reconhecer dez toques em simultâneo
CPU: Intel Atom Z3745 de quatro núcleos a 1,8Ghz com arquitetura de 64-bits
GPU: Intel Gen 7 com arquitetura Ivy Bridge
Memória interna: 16GB ou 32GB
RAM: 2GB
Sensor fotográfico principal: 5 megapíxeis
Sensor fotográfico secundário: 1,2 megapíxeis
Bateria: ~ 7.000 mAh
Tamanho com teclado: 25,7x17,8x1,98 centímetros (Largura x Altura x Espessura)
Peso com teclado: 1.145 gramas
Outras características: redes 4G, Bluetooth 4.0, Miracast, entrada cartão microSD até 64GB, entrada USB 2.0 e GPS 





















Asus Transformer Pad
Modelo TF303CL



Um último apontamento ao teclado do Transformer Pad. A unidade de testes recebida pelo TeK não dispunha de um teclado português pelo que símbolos como o "Ç" ou o "˜"tornaram-se difíceis de encontrar. A configuração das teclas ao nível de software é diferente daquilo que surge representado nos próprios botões. Verifique portanto o teclado que vem com o equipamento, caso contrário irá perder algum tempo a tentar “adivinhar” que teclas correspondem a que símbolos.


Uma das melhores versões do Android


Tirando a otimização de software que a Sony aplica no Android, esta versão personalizada pela Asus é talvez aquela que mais surpreende pela positiva. O sistema operativo é bonito e apelativo, enquanto consegue manter na mesma a simplicidade e capacidade de resposta fluída.

Tudo é rápido. Tudo é instantâneo. E tudo isto é muito bom.

O tablet vem carregado de aplicações - mais de 50 -, pois além dos serviços obrigatórios da Google, a Asus também aplica uma boa camada de apps próprias. Algumas até são interessantes, como o Omlet Chat, um programa de comunicação que garante a encriptação das mensagens. Mas será necessário ter alguém a usar a mesma aplicação do lado de lá, e todos sabem que o WhatsApp, Viber ou Line é que estão a dominar esse segmento. Vai acabar por ficar inutilizada e a Asus tem consciência disso mesmo.

A aplicação de poupança de energia também é interessante pois pode ajudar naqueles casos mais urgentes de falta de energia. Mas por exemplo, esta versão do Android da Asus traz dois browsers, algo que não seria de todo necessário, sabendo que o Chrome marca presença.

A alguns consumidores ter muitas apps instaladas logo de início pode causar confusão, a outros pode causar entusiasmo. Mas ao fim de alguns meses de utilização do dispositivo os utilizadores vão reparar que uma boa parte das soluções da Google e da Asus não são usadas, o que vai acabar por criar uma imagem de aplicações "intrusivas".

E este é o grande defeito do tablet ao nível de software.


Considerações finais


Para os mais distraídos o Asus Transformer Pad podia facilmente passar por um notebook dos tempos modernos, devido ao tamanho reduzido, ao teclado compacto e ao design mais moderno, seguindo uma tendência de linhas arredondadas.

A grande diferença é que vem equipado com Android 4.4, um software que apesar de começar a espreitar a produtividade, ainda está pensado sobretudo para uma utilização leviana e mais focada no entretenimento, informação e comunicação.



O preço de 429 euros pedidos pela Asus não parece descabido. Mas se a tecnológica fosse um pouco mais ambiciosa ao nível do teclado, colocando uma bateria, e ao nível do ecrã, investindo numa tela com melhores níveis de definição, então nesse caso arriscaríamos a dizer que estava atingido o “preço certo”.

Os 429 euros pagam um dispositivo com um bom desempenho, pagam uma boa experiência de escrita e pagam um equipamento bonito. O tablet tem suporte para redes 4G, o que é sempre uma mais valia e não estorva mesmo que não use esta funcionalidade.

Mesmo sabendo que a versão do Android usada no Transformer Pad é muito fluída e rápida, o sistema operativo tem limitações de produtividade. E simplesmente não consegue fazer esquecer totalmente um Windows ao nível da utilização em modo híbrido.

Pode no entanto ser a experiência online suficiente que muitos consumidores procuram. Ler artigos, navegar nas redes sociais, manter um blogue ativo, escrever uns textos para uma revista. Em qualquer um destes cenários o 2-em-1 da Asus é um bom companheiro.

A única promessa que não parece ser totalmente cumprida é ao nível da autonomia da bateria que deverá rondar as cinco-seis horas em utilização intensiva, algo que fica abaixo de muitos tablets da concorrência - e das nove horas prometidas pela tecnológica.

Por fim resta ao consumidor definir as suas prioridades de trabalho, estabelecer os parâmetros de produtividade que quer atingir e tentar perceber se um ecrã de 10 polegadas com um teclado associado são suficientes ou se com o tempo vão acabar por limitar o poder criativo e laboral.

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