quinta-feira, 23 de julho de 2015



Os anos passam, mas a Alcatel One Touch não cede. Numa altura em que o mercado dos smartphones parece estar entregue numa bandeja a um conjunto de marcas, a tecnológica respira fundo para que possa pertencer ao “Olimpo” dos dispositivos móveis.


Não há mal nenhum em querer ser-se ambicioso. Pois só apontado para cima, para o melhor, é que é possível criar diferenciação e valor para os consumidores. A Alcatel One Touch tem seguido este caminho, tem tentado mostrar que é uma alternativa tão válida como qualquer outra marca, ainda que não seja tão agressiva do ponto de vista comercial.

Quando da apresentação do modelo Idol 3 em Portugal ficamos agradados com algumas das informações que me foram passadas, sobretudo ao nível do “tridente” que compõe este smartphone: colunas JBL, ecrã da Technicolor e sensor fotográfico da Sony.

Mas uma coisa é o que vem no papel, outra coisa é a experiência de utilização. As duas semanas nas quais fui experimentando o Alcatel One Touch Idol 3 assemelharam-se a um passeio por um caminho sinuoso: o equipamento tem algumas dificuldades, mas também tem qualidades que ajudam o utilizador a manter-se no carreiro.




Neste caso, mais do que noutros que me têm passado pela mão, a questão do preço acaba por assumir peso relevante. Mas antes de tudo o resto, vale a pena expor os prós e contras da mais recente aposta da marca chinesa de origem francesa.
Elegância discreta

Esta é a melhor forma de descrever o Idol 3 do ponto de vista estético. É um smartphone com um design interessante e apesar de ser simples, acaba ao mesmo tempo por ter linhas requintadas devido ao formato mais arredondado e ao uso de metal na parte lateral.

Mas na sua maioria o telemóvel é construído em plástico e a parte traseira dá por vezes a sensação de ser oca, de tão fina que parece ser a construção do telemóvel. É um modelo claramente mais “finório” do que robusto, pelo que já ajudará aqui a segmentar públicos.

O que surpreende é a leveza do equipamento, tendo em conta o tamanho e tendo em conta, por exemplo, um smartphone do mesmo segmento como o Asus Zenfone 2 - o Alcatel é muito mais leve, algo que se sente não só na mão, como também quando o transporta no bolso.

O design escolhido pela marca também ajuda a que o telemóvel tenha uma característica pouco comum - pode ser usado “de pernas para o ar”. Isto é, pode usá-lo independentemente da orientação vertical. Esta é uma “funcionalidade” destacada pela Alcatel nas próprias campanhas do equipamento, mas durante os testes acabou por acontecer o que suspeitei logo à partida: estive sempre à procura da posição certa através da orientação da câmara traseira.
Um puzzle de qualidade?

O que a Alcatel fez com o Idol 3 foi bastante inteligente: aplicou um design simples, mas de referência, que foi assimilando durante o tempo em que fabricou smartphones de “marca branca” para os operadores de telecomunicações. E foi falar com alguns bons nomes do mercado para reforçar as componentes multimédia do dispositivo, aquelas que são mais importantes. Juntou peças e criou um produto - mas e a qualidade?



Do “tridente” referido anteriormente, o ecrã foi aquele que se destacou mais. As 5,5 polegadas em resolução Full HD apresentaram um bom nível de brilho, cores vibrantes e uma boa definição dos elementos que eram reproduzidos. Para jogos e filmes, está aprovado.

Numa posição mais intermédia surge o sistema de som. A Alcatel colocou duas colunas frontais no Idol 3, algo que não sendo único no mercado, continua a ser pouco visto sobretudo em equipamentos abaixo dos 300 euros.

As colunas cumpriram bem e emitem som em níveis bastante altos. Mas à medida que os decibéis vão subindo, começa-se a notar alguma falta de graves, falta de algum “corpo” no som. Como dificilmente andará com o smartphone “aos berros” não será este o elemento que mais o incomodará. Mas olhando para a fabricante parceira da Alcatel - a JBL -, talvez fosse de esperar um pouco mais a este nível.

Por fim o sensor fotográfico de 13 megapíxeis. E este é mais um exemplo claro que a contagem de megapíxeis apesar de ser idêntica em muitos modelos, os resultados acabam por ser sempre diferentes.

O sensor fotográfico do Idol 3 cumpre bem, mas não espanta. É, sem rodeios, inferior ao que é possível encontrar no Zenfone 2. Mas, também sem rodeios, é superior ao que já experimentei num BQ Aquaris E5.




O que fica da experiência é que a câmara consegue captar bem as cores, fraqueja um pouco na definição e ainda sofre de “hipersensibilidade”, isto é, não resolve bem a dinâmica de contrastes de uma cena e por vezes o utilizador fica com uma imagem em sobre-exposição.

A desilusão é ainda maior sabendo que o sensor é da Sony e que os telemóveis da marca são conhecidos pelas suas capacidades acima da média na fotografia. Será falta de otimização de software? Se este for realmente o caso, então é bom sinal pois é fácil de resolver. Caso contrário, é uma oportunidade perdida de mais argumentos que convençam o utilizador.
Desempenho q.b.

Ao fim das duas semanas de testes ficou claro uma ideia: o Alcatel One Touch Idol 3 não é um “cavalo de corrida”, é um “cavalo de recreio”. O desempenho geral no quotidiano não trouxe problemas, mas também foi notório que sob maior pressão o equipamento ressente-se.

Apesar de executar jogos de forma tranquila, como os títulos Vain Glory e Hearthstone, nota-se que demora a iniciar as aplicações. E se o utilizador quiser trocar rapidamente entre duas aplicações no telemóvel também é uma situação onde os "engasgos" saltam à vista.

Mas no geral a experiência é boa e convém lembrar que nem todos os consumidores procuram potência ao mais alto nível. Apenas precisam de um companheiro para o quotiano. Aqui destaca-se o Android Lollipop usado pela Alcatel. Nota-se que foi trabalhado, mas também se nota que é uma versão leve do sistema operativo da Google.



Não há uma personalização muito forte, apenas a suficiente para perceber que trata-se do trabalho de uma marca que tenta dar um cunho mais pessoal ao dispositivo que vende. Ficou a ideia de que existe uma boa relação entre hardware e software, o que acaba por fazer com que a experiência diária seja maioritariamente fluída nas tarefas mais comuns: email, messaging, Internet e redes sociais.

Uma surpresa - muito agradável - foi o facto de ser possível desinstalar as aplicações extra que vêm de origem com o equipamento. Um luxo que muitas marcas negam aos seus utilizadores, sem necessidade.
Considerações finais

O Alcatel One Touch Idol 3 existe para quase todos os gostos, a saber:

- Alcatel Onetouch Idol 3 de 4,7 polegadas Single SIM: 199,90 euros e é um exclusivo Vodafone;
- Alcatel Onetouch Idol 3 de 4,7 polegadas Dual SIM: 249,90 euros;
- Alcatel Onetouch Idol 3 de 5,5 polegadas Single SIM: 269,90 euros e é um exclusivo da NOS;
- Alcatel Onetouch Idol 3 de 5,5 polegadas Dual SIM: 299,90 euros;

Aqui palmas para a Alcatel One Touch por saber jogar tanto no mercado dos operadores, como no mercado Dual SIM. Ter suporte para dois cartões SIM é algo importante para muitos consumidores e não negar isso é um ponto positivo a favor do equipamento e da estratégia da marca.

O modelo que o TeK testou foi o Dual SIM livre de operador, apontado o equipamento para os 300 euros. E é aqui que se fazem as contas.

Partindo do princípio de que os outros modelos têm desempenhos muitos semelhantes - apesar das diferenças em algumas especificações técnicas como o armazenamento interno e a RAM -, parece-me que os modelos single SIM são possivelmente as melhores propostas de valor.




Isto porque no mercado de duplo SIM existem mais propostas, como as da BQ e as da Wiko. Por preços semelhantes existem equipamentos extremamemte competitivos, como o Zenfone 2 da Asus. E ainda há o “problema” de smartphones topo de gama mais antigos que vão ficando baratos. Mas não é por serem “velhos” que são maus equipamentos.

Se a Alcatel One Touch conseguisse ser mais agressiva nos preços relativamente ao Idol 3, como foi por exemplo com o modelo C7, então teriam o mesmo resultado: um telemóvel muito bem recebido, quem sabe um sucesso de vendas.

Existem elementos bons, alguns medianos e outros mais fracos neste One Touch Idol 3. E quem paga 300 euros por um equipamento tem mais dificuldade em esquecer as lacunas do que se pagasse por exemplo 260 ou 240 euros pelo modelo de 5,5 polegadas duplo SIM.

O Alcatel One Touch Idol 3 consegue entregar uma experiência de utilização satisfatória, mas talvez não para o preço que é pedido no modelo testado.

A questão que fica é: não terá a própria marca escolhido um caminho sinuoso quando definiu a estratégia para este dispositivo?

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