quinta-feira, 25 de junho de 2015



A BQ dispensa apresentações  para milhares de portugueses. Foram já vários os equipamentos da tecnológica espanhola que passaram pela redação, incluindo a mais recente aposta alternativa, o smartphone Aquaris numa edição com o sistema Ubuntu pensado para dispositivos móveis.

Do lado dos consumidores a BQ é uma das marcas que mais smartphones vende no mercado livre, tendo também uma presença constante no segmento dos tablets. Conseguiu o estatuto que tem por apresentar uma relação qualidade-preço interessante do ponto de vista de quem compra.

Nem sempre os produtos da empresa apresentam o melhor desempenho, como aconteceu com o tablet Aquaris E10 e com o telemóvel Aquaris E5 4G, mas no final os dispositivos cumprem e são bons companheiros para o dia a dia.

O que a empresa espanhola apresenta no Aquaris Tesla 2 W8 é diferente. É diferente do que costuma fazer - apostar sobretudo no Android - e é diferente porque transmite de facto um salto de qualidade no trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao longo dos últimos anos.



O Tesla 2 W8 é o melhor dispositivo BQ que já nos passou pelas mãos até à data. É convidativo no aspeto, é interessante no desempenho e pode ser justamente aquilo que muitas pessoas procuram num tablet. A grande contra-partida está no sistema operativo Windows. Mas até esta situação está prestes a mudar.


Agarrar a diferença


Basta pegar no tablet da caixa para perceber de imediato que algo está diferente. O desenho do dispositivo é mais moderno do que aquele empregue nos modelos Android. Muitos poderão defender que não são assim tão diferentes - e é verdade. Mas às vezes os pequenos pormenores fazem grandes diferenças e se isso é válido para grandes marcas como a Sony e o seu Xperia Z3, então também o é para a espanhola BQ.

Os cantos mais arredondados e a ligação entre a frente e a traseira também mais arredondada tornam melhor a experiência visual e tátil com o tablet. A parte traseira construída em plástico rugoso também foi uma excelente escolha, sendo trabalhada o suficiente para não incomodar e eficaz o suficiente para evitar escorregadelas.

Em contra-partida o material escolhido é um autêntico íman de dedadas, o que obriga a uma limpeza regular do tablet.

O facto de ser um bloco maciço preto apenas com o símbolo do Windows na parte frontal coloca-o em pé de igualdade com outros equipamentos que existem no mercado e que apostam na mesma estratégia de sistema operativo.

Os rebordos do ecrã são grossos, mas não são muito exagerados. O gosto é pessoal e há utilizadores que preferem o mínimo de rebordo possível num dispositivo móvel. Mas num tablet com uma dimensão de dez polegadas sabe bem ter margem de manobra em torno do ecrã, em vez de colocar os dedos diretamente sobre o campo de ação.



O friso negro pesado ajuda também a realçar as cores do painel escolhido para o equipamento. E a saturação das cores, assim como o campo de visão, são os pontos positivos da tela escolhida. A BQ diz que a resolução é de 1.280x800 píxeis e de facto o ecrã do dispositivo é mediano na definição.

No geral o Tesla 2 W8 garante uma boa experiência de visualização, mas em conteúdos com mais detalhe o ecrã podia definitivamente ser mais ambicioso. O ecrã da unidade destes testes  sofria ainda de “sangramento”, um fenómeno que se caracteriza por uma iluminação mais forte nas laterais do ecrã, justamente onde estão posicionados os principais sistemas de brilho do painel. Este é um defeito que passa despercebido durante a maior parte do tempo, mas que em ambientes escuros e que na reprodução de conteúdos com muito preto salta à vista e que não pode deixar de ser assinalado.

Apesar de tudo e fazendo um balanço final, as dez polegadas do ecrã são uma mais valia e para o consumo de filmes, séries e videojogos pode ser justamente aquilo que muitos consumidores procuram.

Ainda na parte do design, mas entrando numa questão mais funcional, a BQ escolheu colocar as duas colunas do tablet na parte traseira, uma decisão com a qual é difícil de concordar. Sabendo que o sistema de som até apresenta boa qualidade, seria mais vantajoso ter as sonoridades a entrar diretamente nos ouvidos dos utilizadores, em vez de terem que fazer reflexo numa mesa ou até nas pernas de quem o segura.


A surpresa dentro da caixa


Se a construção sólida e apelativa do BQ é uma surpresa assim que salta da caixa, a própria estrutura do tablet também esconde uma agradável surpresa: o desempenho.

Ter o Windows 8.1 na sua força máxima num tablet é sempre algo que pode deixar os consumidores com a sobrancelha levantada ao nível do comportamento. Mas o Tesla 2 W8 portou-se muito bem.



Claro que não está pensado para tarefas muito pesadas. O processador ainda é mobile - um Intel Atom de quatro núcleos a 1,33Ghz - e a gráfica não passa dos 646 Mhz de velocidade de relógio. No entanto mesmo estes componentes são suficientes para garantir uma experiência de streaming de conteúdos em alta defnição muito positiva, um bom comportamento dos jogos, sem engasgos e até a utilização do tablet como um dos equipamentos para estar ligado a uma impressora 3D. Num programa de renderização de objetos a três dimensões foi notória a limitação do processador e poder gráfico, mas não deixou de fazer aquilo que era suposto.

O próprio Windows comportou-se sempre de forma fluída e limpa. Ligar e desligar o tablet é muito rápido, assim como aceder aos programas mais básicos como o navegador de Internet Google Chrome. Mesmo a suite de produtividade Office comportou-se a um bom nível.

O que também surpreendeu pela positiva foi a rapidez de navegação à Internet e o download veloz de ficheiros que o tablet conseguiu executar. Não esperaria tanto de um tablet, sendo que ao nível do desempenho pode muito facilmente colocar-se ao lado de muitos computadores portáteis que existem no mercado - mas em níveis de preço baixos.


Nem todos os tablets podem ter uma segunda vida


Apesar do bom desempenho registado, tendo em vista uma utilização casual e quotidiana, o BQ Tesla 2 W8 será certamente melhor daqui a uns meses, quando a Microsoft disponibilizar o Windows 10. É que o Windows 8.1 apesar de estar pensado para o mobile, ainda vive maioritariamente do seu estado desktop. E isso num tablet não funciona muito bem, mais na perspetiva da usabilidade e não tanto do desempenho.

Mas com a chegada do Windows 10 chega também um modo específico para dispositivos móveis de grandes proporções, o modo Continuum. Aí o Windows transforma-se ligeiramente e fica mais “sensível” ao toque, o que ajudará na experiência total do equipamento.

E como a atualização para o próximo Windows vai ser gratuita, não estará obrigado a investir mais algum dinheiro para conseguir aquela que se espera ser uma experiência melhorada.

Resumindo, se o Tesla 2 W8 já apresenta uma experiência de utilização interessante, as perspetivas parecem apontar para uma “subida” neste campo.



















Especificações técnicas BQ Tesla 2 W8 

Ecrã: 10,1 polegadas com resolução de 1.200x800 píxeis
Tecnologia de ecrã: IPS com capacidade para reconhecer dez toques em simultâneo
CPU: Intel Atom Z3735F de quatro núcleos a 1,33Ghz com arquitetura de 64-bits
GPU: Intel Gen 7 até 646 MHz
Memória interna: 32GB
RAM: 2GB
Sensor fotográfico principal: 5 megapíxeis
Sensor fotográfico secundário: 2 megapíxeis
Bateria: ~ 7.000 mAh
Dimensões: 25,8x17,3x 0,99 centímetros (Largura x Altura x Espessura)
Peso: 650 gramas
Outras características: dois altifalantes de 0,7W, Bluetooth 4.0, entrada cartão microSD até 32GB, entrada USB 2.0 com suporte OTG e Windows 8.1 atualizável para o Windows 10 












BQ Tesla 2 W8




Mas o Windows também acaba por prejudicar o tablet. A falta de aplicações na loja do sistema operativo ainda é notória e por exemplo, o teclado virtual do Windows em nada se compara com as alternativas que existem para o Android. Quer isto dizer que apesar de ter um ecrã de dez polegadas, torna-se difícil fazer grandes produções escritas no Tesla 2 W8, pois não há uma boa otimização entre teclado e tamanho do equipamento.


Margem para melhorar


A BQ é conhecida por ir construindo linhas de produtos. Isto é, não lança simplesmente um modelo e depois parte para outro. A tecnológica espanhola vai fazendo updates aos seus dispositivos e caso volte a fazê-lo no Tesla 2 W8 - já é a segunda versão -, então estes são alguns dos pontos nos quais deve pensar.

Em primeiro lugar o sensor de luminosidade do tablet não é regular. Aconteceu mais do que uma vez o ecrã passar de um brilho intenso para um baixo nível de iluminação, sem que nada o justificasse. E a situação pode tornar-se um pouco irritante pois volta e meia acontecia precisamente quando não dava jeito.

A autonomia da bateria também não é estonteante, pelos menos tendo em conta o que outros tablets do mercado vão entregando. O facto de executar uma versão completa do Windows certamente influencia e bastante o consumo da bateria.

Mas sabendo que o equipamento é grande e sabendo que pedem ao utilizador para carregar quase 650 gramas de peso, então seria de esperar algo próximo das dez horas. Numa utilização “a la PC” a bateria rendeu entre as cinco e as sete horas de utilização, o que não ficou em linha com as expectativas traçadas.

No entanto há a destacar o facto de o Tesla 2 W8 não aquecer muito, mesmo após longos períodos de utilização. Aqui uma vez mais o perfil grosso do dispositivo ajuda neste sentido, ao passo de que os equipamentos móveis mais finos tendem a sofrer deste problema.

Uma última palavra relativamente ao facto de o tablet estar minimamente bem servido de entradas multimédia - USB, microHDMI e cartão microSD -, o suficiente para uma boa gestão de conteúdos multimédia e até para uma conexão com um televisor ou com um ecrã de apresentação numa empresa, por exemplo.



O Tesla 2 W8 apresenta o preço de 289 euros. Não é o mais barato dos tablets, mas sabendo que entrega uma experiência Windows-desktop muito aceitável, também não parece estar totalmente desalinhado com a realidade.


Considerações finais


À medida que os smartphones vão crescendo e os computadores vão ficando mais híbridos - como é o exemplo o HP Pavillion x360 -, os tablets estão a entrar num período difícil. Basta comparar a quantidade de dispositivos deste segmento que chega ao mercado em comparação com o que acontecia em igual período de 2013.




Mas a passagem do tempo também está a trazer algo bom: mais know how na forma como se controem dispositivos. E este Tesla 2 W8 da BQ é um excelente exemplo disso mesmo.

Tendo também experimentado o Aquaris E10 com Android, a minha escolha recai seguramente nesta versão Windows. Se o utilizador estiver disposto a investir 30-40 euros num teclado Bluetooth, pode formar uma dupla com uma relação qualidade-preço muito interessante.

O Tesla 2 W8 não substitui totalmente um computador portátil, mas também não apresenta todas as condições para isso. A utilização do Windows em modo desktop por vezes torna-se complicada, devido à relação que existe entre o tamanho do interface e o tamanho do ecrã. Mas isso vai mudar e este tablet da BQ só terá a ganhar.

Se é um utilizador que procura apenas um equipamento maior de acesso à Internet, que lhe permita consumir conteúdos online sem problema e também aventurar-se nos jogos da loja do Windows, então esta é uma opção que tem de considerar.

Para o caso de ser mais exigente e precisar de um grau superior de produtividade, então pode olhar para soluções um pouco mais caras, mas ao mesmo tempo mais versáteis: caso do Asus Transformer Pad.

Ou então pode simplesmente fazer um compasso de espera e ver o que a BQ pode ter reservado para uma terceira geração do seu tablet com Windows.

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