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Agentes britânicos destroem discos rígidos do jornal The Guardian/ depois da detenção do companheiro do jornalista
terça-feira, 20 de agosto de 2013
O editor do jornal indica que os agentes tentaram impedir que o The Guardian continuasse a publicar notícias sobre os casos de espionagem da NSA e da agência GCHQ, o equivalente britânico da agência norte-americana.
Alan Rusbridger, editor no The Guardian, relata como dois peritos em segurança da agência Government Communications Headquarters (GCHQ) destruíram os discos rígidos presentes na cave do jornal, para se “assegurarem que nada nos pedaços de metal retorcido poderiam ser de algum interesse para agentes chineses”.
Nas palavras do jornalista, um dos “momentos mais bizarros na longa história” do jornal aconteceu a propósito das peças que o The Guardian tem vindo a fazer sobre a espionagem levada a cabo pela NSA e pela GCHQ.
Rusbridger diz que foi contactado há cerca de dois meses por um oficial do governo que afirmava representar os pontos de vista do primeiro-ministro. O oficial exigia que o The Guardian devolvesse ou destruísse todo o material sobre os casos de espionagem que estava a usar para fazer as peças jornalísticas.
Apesar do tom cordial das reuniões, Rusbridger diz que “havia a ameaça implícita de que outros dentro do governo favoreciam uma abordagem muito mais draconiana”.
As “negociações” ficaram mais tensas um mês depois, quando o editor do jornal recebeu um telefonema, onde lhe disseram: “Vocês já tiveram o vosso divertimento. Queremos as nossas coisas de volta”. As exigências levaram o editor a explicar aos agentes do Governo que poderiam perfeitamente continuar a cobrir o caso da NSA fora da Grã-Bretanha. Aliás, a maioria do trabalho já era feito fora de Londres, dado que o jornalista em causa estava no Brasil. Mas estes argumentos de nada serviram e, pouco tempo depois, os agentes da GCHQ entravam nas instalações do jornal e destruíam os discos rígidos.
Mais:
As autoridades do Reino Unido retiveram domingo durante nove horas no aeroporto de Heathrow o companheiro do jornalista do diário "The Guardian", Glenn Greenwald, que divulgou as revelações do antigo agente das informações norte-americanas Edward Snowden.
David Miranda, 28 anos, fazia escala em Londres num voo iniciado em Berlim e com destino ao Rio de Janeiro, onde vive com Greenwald, quando foi retido pelas forças de segurança ao abrigo de legislação contra o terrorismo que permite deter e interrogar pessoas em aeroportos, portos e zonas de fronteira, revelou o "The Guardian".
O companheiro de Greenwald foi posto em liberdade nove horas depois da detenção, o tempo máximo em que alguém pode ficar retido sem que seja acusada, mas os agentes confiscaram diversos equipamentos que transportava como, entre outros, o telefone móvel, computador portátil, máquina fotográfica e cartões de memória.
Mais: Depois do protesto do governo Brasileiro a Amnistia Internacional também toma posição
Amnistia Internacional condena detenção de brasileiro em aeroporto de Londres
A Amnistia Internacional condenou, esta segunda-feira, a detenção, em Londres, do brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, a quem o ex-analista da NSA Edward Snowden entregou informações sobre espionagem dos Estados Unidos.
"A detenção de Miranda foi ilegal e não tem desculpa. Foi detido numa violação de todo o princípio de equidade" e "comprova-se que a lei pode ser abusiva por razões mesquinhas e vingativas", referiu uma nota divulgada hoje pela organização dos direitos humanos.
O companheiro do jornalista norte-americano foi detido e mantido incomunicável pelas autoridades britânicas por nove horas, no domingo, com base na lei de combate ao terrorismo daquele país europeu.
David Miranda chegou hoje ao Rio de Janeiro e foi recebido no aeroporto por Greenwald.
O jornalista norte-americano disse à imprensa que não deixará de publicar os documentos que recebeu de Edward Snowden, entre os quais alguns relativos ao Reino Unido.
O Governo do Brasil qualificou como uma "medida injustificável" a detenção do brasileiro David Miranda.