terça-feira, 9 de setembro de 2014


A Microsoft classifica o Surface Pro 3 como um PC, vende-o como um PC e na realidade o equipamento tem um desempenho que justifica este posicionamento. Mas há algo nesta “matemática” que não bate certo.


Quando a responsável da Microsoft Portugal pelas divisões Windows e Surface, Rita Santos, disse em entrevista que o Surface Pro 3 era o state of the art daquilo que a tecnológica ambicionava de um computador com Windows 8.1, não estava a exagerar. Depois de algumas semanas de teste é possível afirmar que o Surface Pro 3 é o melhor Surface até à data e é o equipamento que garante a melhor experiência de utilização para os que procuram um equipamento que tanto possa servir de computador como de tablet.

O dispositivo cumpre as duas tarefas de forma quase exímia – apenas há a apontar o facto de o equipamento ser demasiado pesado para ser usado como tablet durante muito tempo e sem apoio. A ligação click entre o teclado e o tablet confere a flexibilidade que outros computadores 2-em-1 não conseguem alcançar. Rapidamente é possível “arrancar” o teclado ou voltá-lo a colocar junto do ecrã processo que pode ser repetido vezes sem conta sem que o utilizador alguma vez fique a pensar “quando é que isto vai estragar”.

O segredo desta fórmula de sucesso está mesmo na capa-teclado, que consegue ser fina e produtiva ao mesmo tempo. As teclas estão bem delimitadas, têm um nível de pressão muito aceitável – serve perfeitamente para escrever textos longos sem causar cansaço – e a retro- iluminação é uma mais-valia.

No entanto é também na capa-teclado que reside o grande travão relativamente ao Surface Pro 3. A Microsoft classifica o Surface Pro 3 como um PC, vende-o como um PC e o equipamento tem um desempenho igual ou superior a uma boa parte dos computadores portáteis do mercado. Mas a empresa também teima em vender o tablet separado do teclado.



O Surface Pro 3 realmente só fica completo e faz todo o sentido se tiver o teclado acoplado. Caso contrário existem outras opções de tablets no mercado com um desempenho também irrepreensível e mais baratos – o iPad por exemplo. Certo é que nem são dispositivos comparáveis, porque só o processador Intel Core i3, i5 ou i7 do Surface chega para aniquilar o desempenho de qualquer tablet iOS ou Android. Mas se é só para a função de tablet, então um processador iCore também é poder a mais.

É que ao preço do equipamento é depois necessário adicionar mais 139,99 euros pela capa-teclado. Quer isto dizer que o Surface Pro 3 – 799 euros originais - com processador i3, 4GB de RAM e 64GB de armazenamento interno fica por 939,98 euros. O modelo mais capaz, o Surface Pro 3 com processador i7, 8GB de RAM e 512GB de armazenamento vai custar com teclado 2.139,98 euros.

Acaba -se por considerar que no caso específico do novo equipamento da Microsoft o preço nem é um factor negativo. O Surace Pro 3 é de facto um equipamento caro, sobretudo tendo em conta o ordenado mínimo que é praticado em Portugal. Mas se pensar que ao comprar um portátil com especificações semelhantes e adicionar mais um tablet com características e desempenho similar, então a fatura final pode vir a ser bem superior.

E sabendo que qualquer poupança é boa, o ideal será investir no Surface Pro 3 quando alguma cadeia de retalho fizer as populares promoções do IVA pois neste caso os consumidores vão conseguir “amortizar” o valor do teclado e comprar o pacote completo, aquele que faz sentido, próximo do preço base que a Microsoft pede.


Três razões por que o Surface Pro 3 é melhor do que os outros


Há três destaques que ajudam a colocar o Surface Pro 3 no topo da hierarquia dos dispositivos móveis – além da flexibilidade e da potência já referidas.

O primeiro motivo é o ecrã. São 12 polegadas com um resolução de 2.160x1.440 píxeis – semelhante àquela que a Samsung garante no Galaxy Tab S. Além do tamanho maior e da qualidade superior relativamente ao Surface Pro 2, o ecrã do novo modelo é realmente um elemento em destaque.












Imagens e vídeos de elevada resolução ganham aqui outra vida e o próprio Windows 8.1 parece mais atraente do que noutros equipamentos. A reprodução de cores não é exagerada e a luminosidade do ecrã consegue atingir níveis suficientes para que a utilização do Surface em diferentes ambientes não seja um problema.

Graças à elevada resolução do ecrã o consumo de conteúdos é também uma função que se faz muito bem no Surface. Sejam vídeos, fotogalerias ou livros, os utilizadores vão ficar surpreendidos e agradados com a experiência multimédia que vão conseguir extrair do equipamento.

Em segundo lugar considera-se que o apoio traseiro do tablet, agora muito mais flexível e que pode assumir diferentes graus de posicionamento, é possivelmente a melhor novidade que o Surface Pro 3 podia ter. Porque se nos portáteis os utilizadores conseguem ajustar o ecrã da forma mais conveniente, nos Surface anteriores existiam posições estáticas e pré-definidas.

Agora esteja sentado numa mesa ou com o Surface no colo, é possível ter o equipamento sempre à medida certa e desejada. O apoio traseiro do dispositivo é reclinável de tal forma que o dispositivo pode ficar numa posição próxima aos 150º, ideal para quem vai usar o tablet como uma plataforma de desenho.

E é neste seguimento que surge a terceira grande característica: a caneta digital. Vem de origem com o tablet e garante um nível de precisão muito satisfatório. A fluidez do desenho também é assinalável, já que não se assiste ao fenómeno de estar com a caneta num ponto e a “tinta digital” estar bem mais atrasada.

A caneta vem também equipada com botões que garantem acesso a atalhos: um clique no botão superior e abre de forma automática o One Note. Dois cliques e é feita uma captura de ecrã.

Dos dois botões que existem na parte lateral da caneta um está reservado como apagador e outro como selecionador de formas – duas das ferramentas mais usadas por quem escreve ou desenha digitalmente. No caso do apagador  não gostou do facto de a borracha apagar toda a linha associada e não apenas o elemento que pode estar a mais.




Três aspetos onde o Surface não entusiasmou


Na bateria. A Microsoft fala em nove horas de duração da bateria em navegação Web. E neste aspeto até cumpre o que é anunciado. Mas a maior parte dos utilizadores raramente lê as letras “pequenas” e pode ficar com a ideia de que o Surface Pro 3 também garante as mesmas 9 horas caso esteja a jogar ou a ver vídeos.

E isso não vai acontecer de todo. Nestas atividades o Surface garante uma duração que varia entre as cinco e as seis horas e meia – o poder de processamento e o ecrã de alta definição tinham de ter uma contrapartida algures.

No processamento gráfico. Quanto à área dos gráficos, certo é que o Surface Pro 3 não foi talhado como equipamento para grandes aventuras gráficas – software de modelação 3D, edição de vídeos ou para jogabilidade, por exemplo. Nem mesmo nas especificações oficiais do equipamento é possível encontrar informação da Microsoft relativamente à unidade de processamento gráfica usada – e isso diz muito.

A GPU vem integrada no chip de processamento e pode ser uma Intel HD4200 para a versão i3, Intel HD4400 para a versão i5 – a que o TeK testou – e pode ser uma Intel HD5000 para a versão i7.

Para jogos básicos serve perfeitamente. Para jogos mais complexos não serve – foi testado Murdered: Soul Suspect e não funcionou de forma aceitável, mesmo com as specs do jogo em baixos níveis.

Na conectividade. O Surface Pro 3 tem uma entrada USB 3.0, uma entrada Mini DisplayPort e suporta cartões microSD. Faltam entradas para cartões SD e uma entrada Ethernet. Certo é que num equipamento que se quer o mais fino e elegante possível, não dá para ter todas as regalias. Mas também não se safa de ver o dedo apontado a essas falhas.


Considerações finais

No final fica o pensamento do que é que a Microsoft poderia ter alcançado caso tivesse apresentado uma proposta como o Surface Pro 3 antes do iPad da Apple – mesmo mantendo os preços altos.

O equipamento é muito bem construído, tem potência mais do que suficiente para a grande maioria das tarefas desktop – mesmo as profissionais - e apresenta uma flexibilidade que nenhum outro dispositivo consegue entregar.



A Sony tem uma proposta semelhante – o Vaio Tap 11 -, mas a experiência de utilização entre tablet e computador portátil não é tão fluída. As especificações técnicas também acabam por ser inferiores, mas no preço essa diferença não se sente.

Resta esperar que o Windows consiga acompanhar a evolução que a tecnológica de Redmond tem feito ao nível de hardware – a loja do Windows continua muito vazia e isso causa no utilizador uma sensação de... vazio.

Se tem disponível o dinheiro que a Microsoft pede pelo Surface Pro 3, então pode investir com confiança. Se vai renovar o “parque tecnológico” e está a pensar em adquirir um computador e um tablet, então faça as contas e veja primeiro se o dispositivo da Microsoft compensa monetariamente – porque no campo da utilização tecnológica, compensa sem dúvida.

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