A Google vai vender a Motorola Mobility à Lenovo por 2,9 mil milhões de dólares. O negócio acontece dois anos depois da compra da fabricante de telemóveis por 12,5 mil milhões de dólares, investimento que falhou em várias frentes.
Com a operação a Lenovo transforma-se no terceiro maior fabricante na área dos dispositivos móveis a nível mundial e continua a consolidar presença no mercado global de informática e eletrónica. Também foi a chinesa Lenovo que na semana passada comprou a divisão de servidores da IBM por 2,3 mil milhões de dólares e que em 2004 já tinhacomprado o negócio de PCs à Big Blue, por 1,75 mil milhões de dólares.
Mas se para a Lenovo os benefícios da operação se entendem facilmente - a empresa cria condições para apostar no segmento móvel, com entrada direta no mercado americano (Estados Unidos e América Latina), do lado da Google também é fácil compreender os fundamentos do negócio. A empresa livrou-se de "um monstro" que não conseguiu fazer voltar à vida, mas manteve a maioria dos tesouros.
É um equilíbrio que pode não anular perdas - afinal há quase 9,5 mil milhões de dólares de diferença entre o valor de compra e de venda da empresa, fora o que a tecnológica terá gasto desde essa altura - mas, pelo menos, permite não agravar uma situação que não tinha resolução fácil.
Nestas contas vale ainda a pena recordar que a Google já tinha vendido a unidade de set-top-boxes da Motorola e com isso recuperado 2,6 mil milhões de dólares, que ajudaram a suavizar o impacto das perdas sofridas pela fabricante móvel desde a aquisição: cerca de mil milhões de dólares.
No negócio que agora firmou com a Lenovo, define-se que a Google vai manter na sua posse todo o portfólio de patentes da Motorola (cerca de 17 mil), que licencia à Lenovo, num pacote que inclui a venda de duas mil patentes e da marca.
Do lado da multinacional norte-americana, fica ainda a unidade Motorola Advanced Technology, responsável por projetos como o do telefone modular Ara, conhecido porProjeto Ara.
Quando comprou a Motorola Mobility um dos grandes objetivos da Google era a afirmação no ecossistema Android. Um território que a empresa já domina do lado do software, porque lidera o desenvolvimento do sistema operativo, mas de que se mantém afastada no que se refere ao hardware.
Os Nexus têm sido a única aproximação da Google ao segmento dos dispositivos, uma aposta que chega ao terreno com o apoio de parceiros, como a LG ou a HTC. Pensou-se que a Motorola Mobility fosse o instrumento para intensificar esta estratégia de posicionamento da marca com smartphones próprios mas isso nunca aconteceu. Provavelmente porque os grandes parceiros da plataforma (como a Samsung) se mantiveram fieis ao sistema operativo do robot verde.
A empresa também esperava, esta foi aliás uma das grandes justificações para o negócio, ajudar a proteger as empresas que usam o Android das questões de patentes, usando o portfólio de propriedade intelectual da Motorola como escudo protetor. Neste campo o objetivo cumpriu-se, e continuará a cumprir-se, resta saber se na medida esperada.
Ainda que algumas destas dúvidas só venham a ser dissipadas no futuro, a Google para já faz questão de mostrar que o negócio foi bom para todas as partes.
Larry Page, CEO da empresa, assume numa declaração divulgada pela empresa que a Motorola Mobility estará melhor entregue se estiver nas mãos da Lenovo. "A Lenovo tem o conhecimento e a experiência para transformar a Motorola Mobility num dos maiores atores do ecossistema Android", sublinha o responsável.
Por sua vez, a Google ganha melhores condições para "dedicar a sua energia à criação de condições para promover a inovação no ecossistema Android, em favor dos utilizadores de smartphones", acrescentou.
Page esclarece, no entanto, que a venda da Motorola Mobility não terá impacto em outras apostas da empresa na área do hardware. "A dinâmica e maturidade dos mercados doméstico e wearable, por exemplo, são muito diferentes daquela que existe na indústria móvel".
Mas se para a Lenovo os benefícios da operação se entendem facilmente - a empresa cria condições para apostar no segmento móvel, com entrada direta no mercado americano (Estados Unidos e América Latina), do lado da Google também é fácil compreender os fundamentos do negócio. A empresa livrou-se de "um monstro" que não conseguiu fazer voltar à vida, mas manteve a maioria dos tesouros.
É um equilíbrio que pode não anular perdas - afinal há quase 9,5 mil milhões de dólares de diferença entre o valor de compra e de venda da empresa, fora o que a tecnológica terá gasto desde essa altura - mas, pelo menos, permite não agravar uma situação que não tinha resolução fácil.
Nestas contas vale ainda a pena recordar que a Google já tinha vendido a unidade de set-top-boxes da Motorola e com isso recuperado 2,6 mil milhões de dólares, que ajudaram a suavizar o impacto das perdas sofridas pela fabricante móvel desde a aquisição: cerca de mil milhões de dólares.
No negócio que agora firmou com a Lenovo, define-se que a Google vai manter na sua posse todo o portfólio de patentes da Motorola (cerca de 17 mil), que licencia à Lenovo, num pacote que inclui a venda de duas mil patentes e da marca.
Do lado da multinacional norte-americana, fica ainda a unidade Motorola Advanced Technology, responsável por projetos como o do telefone modular Ara, conhecido porProjeto Ara.
Quando comprou a Motorola Mobility um dos grandes objetivos da Google era a afirmação no ecossistema Android. Um território que a empresa já domina do lado do software, porque lidera o desenvolvimento do sistema operativo, mas de que se mantém afastada no que se refere ao hardware.
Os Nexus têm sido a única aproximação da Google ao segmento dos dispositivos, uma aposta que chega ao terreno com o apoio de parceiros, como a LG ou a HTC. Pensou-se que a Motorola Mobility fosse o instrumento para intensificar esta estratégia de posicionamento da marca com smartphones próprios mas isso nunca aconteceu. Provavelmente porque os grandes parceiros da plataforma (como a Samsung) se mantiveram fieis ao sistema operativo do robot verde.
A empresa também esperava, esta foi aliás uma das grandes justificações para o negócio, ajudar a proteger as empresas que usam o Android das questões de patentes, usando o portfólio de propriedade intelectual da Motorola como escudo protetor. Neste campo o objetivo cumpriu-se, e continuará a cumprir-se, resta saber se na medida esperada.
Ainda que algumas destas dúvidas só venham a ser dissipadas no futuro, a Google para já faz questão de mostrar que o negócio foi bom para todas as partes.
Larry Page, CEO da empresa, assume numa declaração divulgada pela empresa que a Motorola Mobility estará melhor entregue se estiver nas mãos da Lenovo. "A Lenovo tem o conhecimento e a experiência para transformar a Motorola Mobility num dos maiores atores do ecossistema Android", sublinha o responsável.
Por sua vez, a Google ganha melhores condições para "dedicar a sua energia à criação de condições para promover a inovação no ecossistema Android, em favor dos utilizadores de smartphones", acrescentou.
Page esclarece, no entanto, que a venda da Motorola Mobility não terá impacto em outras apostas da empresa na área do hardware. "A dinâmica e maturidade dos mercados doméstico e wearable, por exemplo, são muito diferentes daquela que existe na indústria móvel".
7 motivos pelos quais a Google vendeu a Motorola para a Lenovo
Entenda por que a Gigante das Buscas considerou uma boa oportunidade a venda da Motorola para a Lenovo
O mundo da tecnologia foi sacudido na noite de ontem (29) por uma notícia bombástica: aGoogle anunciou a venda da Motorola para a Lenovo, em um negócio de US$ 2,91 biliões. A informação pegou muita gente de surpresa, uma vez que até então nenhum rumor sobre o assunto havia sido divulgado.
Rapidamente muitos fãs da Motorola se manifestaram, em sua maioria contrários à venda da companhia, e ficaram se perguntando: por qual razão a Google decidiu vender tão rápido uma empresa que havia sido adquirida há menos de dois anos? A resposta para essa pergunta envolve uma série de factores, e analisando friamente as informações – sem se deixar levar pelo lado emocional –, é possível compreender melhor os motivos.
1 - A Motorola estava dando prejuízo
Sim, os smartphones Moto X e Moto G foram bem recebidos pelo público. E os números de vendas mostram que a aceitação dos dois aparelhos foi muito boa junto ao mercado. Entretanto, ainda assim, a Motorola só trouxe prejuízos para a Google desde que foi adquirida.
Público norte-americano lamenta perda do controle da Motorola. (Fonte da imagem: Reprodução/Neogaf)
No final do último trimestre financeiro, por exemplo, a Motorola arrecadou US$ 1,18 bilião – um número que por si só não é ruim. Porém, esse valor significava apenas 8% das receitas da Google, o que de início nos mostra qual é o real interesse da companhia: ampliar a sua atenção sobre os negócios que realmente colocam mais dinheiro no caixa.
Além de a receita ser baixa para os padrões da Google, a divisão de hardware estava dando cada vez mais prejuízo. No segundo trimestre de 2013 a Motorola perdeu US$ 192 milhões no balanço final. Já no terceiro trimestre do ano passado esse número aumentou para US$ 248 milhões. Para o último trimestre de 2013, cujos números finais ainda não foram divulgados, a previsão era de uma nova perda.
2 - Um bom negócio para as duas empresas
Mas se a Motorola é tão “ruim” assim para a Google, por qual motivo ela poderá ser um negócio melhor para a Lenovo? A explicação para essa questão é simples. O público norte-americano não vê com bons olhos a entrada de empresas estrangeiras em seu concorrido mercado interno.
CEOs das duas empresas fecham negócio. (Fonte da imagem: Reprodução/Twitter/Larry Page)
A Sony, por exemplo, tem sofrido para emplacar os seus smartphones nos EUA, e o país ainda é um dos poucos lugares onde o domínio da Apple sobre a Samsung em volume de vendas permanece significativamente maior. Com a aquisição da Motorola, a chinesa Lenovo vê no controle da marca a oportunidade de se firmar junto ao consumidor norte-americano. Vale lembrar que ela tentou comprar a BlackBerry no ano passado.
De imediato, a Lenovo passa a ser a terceira marca mais importante de celulares nos EUA, ficando atrás apenas de Apple e Samsung. Líder mundial na fabricação de PCs, um negócio cada vez menos rentável, mas em que a Lenovo é a única que vem tendo lucro, a empresa com isso firma a sua base para disputar de igual para igual com as grandes também no mercado mobile.
3 - A Lenovo terá mais liberdade para inovar na Motorola
Muitos consumidores se perguntavam: mas se a Google é dona da Motorola, por que a linha Nexus não passa a ser feita por ela? Simples, porque isso não seria bom para o Android. A Google se destaca bastante pelas inovações em seu sistema operacional, e o chamado “Android puro”, presente quase que exclusivamente na linha Nexus, é uma prova disso.
Ashton Kutcher, garoto-propaganda da Lenovo, deve estar feliz. (Fonte da imagem: Divulgação/Lenovo)
Entretanto, tente se colocar no lugar de outras fabricantes, como LG ou Samsung. Se a empresa dona do sistema operacional que elas usam se tornasse também a sua maior concorrente no requisito hardware, por qual razão elas ainda investiriam para fortalecer o Android? Por conta disso, a Google precisou pisar no freio e segurar as novidades da Motorola.
Já com a Lenovo assumindo o controle, a situação muda de figura. A Google poderá focar todos os seus esforços no mercado no qual ela já controla quase 80% – podendo ampliar esse número com mais uma fabricante de peso investindo no mercado. Já a Lenovo poderá inovar à vontade, mantendo a marca Motorola e contando com licença para utilizar todas as patentes que são agora propriedade da Google.
4 - A concorrência aumenta: e isso é bom para o consumidor
Em se tratando de smartphones com Android, hoje a Samsung responde por boa parte dos aparelhos disponíveis no mercado. A LG se mantém na briga e segue crescendo. A Sony aos poucos começa a se reerguer, mas oficialmente deixou de lado o mercado norte-americano. Esse cenário era visto pela Google como preocupante.
Android! Android! Android! \o/ (Fonte da imagem: Reprodução/Animoca)
O risco maior era que a Samsung crescesse tanto a ponto de se tornar quase que um monopólio entre os smartphones com Android. Com a Motorola, a Google se via sem liberdade suficiente de interferir nessa briga – afinal, perder a Samsung como parceira também seria desastroso.
Contudo, a entrada da Lenovo com essa força pode equilibrar um pouco mais a situação. A empresa tem experiência em gerir marcas adquiridas de outras empresas e pode fazer o mesmo com a Motorola. A linha Think, que foi adquirida da IBM em 2005, se mostrou um grande negócio e ajudou a companhia chinesa a solidificar o seu primeiro lugar entre as fabricantes.
5 - Google manterá o foco no Android
A Google manterá o foco no Android. Sem a necessidade de se preocupar com inovações de hardware, a empresa terá mais tempo e maior disponibilidade de investimento para fazer com que cada vez mais o software seja o grande diferencial dos produtos, independente do hardware utilizado.
Android tem 80% do mercado e quer ainda mais. (Fonte da imagem: Reprodução/WhatCulture)
A entrada da Lenovo no mercado de smartphones em condições de igualdade com as grandes é vista pela Google como uma oportunidade. Sim, a Lenovo já possui bons aparelhos com Android, mas sua penetração nesse segmento ainda é pouco significativa. Quem sabe agora não seja a oportunidade para a Lenovo assumir a linha Nexus, sem que a Google precise manter o jogo de cintura com as demais fabricantes?
Além disso, a empresa norte-americana está interessada em sair na frente em outros segmentos – e não disputar um mercado consolidado e extremamente concorrido. As tecnologias vestíveis, como os óculos, as pulseiras e os smartwatches, continuam em pauta, e empresa deve focar não apenas no software, mas também no hardware dessas novidades.
6 - O que interessava eram as patentes
Quando comprou a Motorola, o maior interesse da Google estava nas mais de 17 mil patentes que a empresa possuía. Tanto é que, neste novo negócio, apenas 2 mil patentes estão sendo repassadas para a Lenovo – que terá licença para usar as outras 15 mil, mas que permanecem sendo propriedade da Google.
Direito de uso pode valer mais do que o produto final. (Fonte da imagem: Reprodução/Observatório Pirata)
Entre essas patentes que permanecem estão algumas importantes relacionadas a padrões WiFi e até mesmo a codificação de vídeos. Cada Xbox 360 ou PC com Windows 7 vendido, por exemplo, gera à Google alguns dólares em royalties pelo uso dessas tecnologias. Por isso, manter o direito sobre essas patentes vai muito além do valor de mercado delas.
A ideia é que a empresa, e em especial o Android, não seja incomodado com processos e outras medidas judiciais por conta do uso de determinadas tecnologias. Isso garante um maior número de possibilidades aos usuários do sistema operacional da companhia. Além disso, essa medida defensiva dá garantias judiciais à Google de que poderá inovar em seus produtos.
7 - A Google perdeu dinheiro na transação. Será mesmo?
Quando comprou a Motorola a Google pagou US$ 12,5 biliões pela empresa e, na negociação com a Lenovo, vendeu a companhia por US$ 2,91 biliões. Numa primeira análise você pode imaginar que ela perdeu pouco mais de US$ 9,5 biliões nessa brincadeira, não é mesmo? Bem, saiba que não é bem assim. Entenda por quê.
Dinheiro não tem sido problema para a Google. (Fonte da imagem: Reprodução/The Democratic Daily)
Do valor de US$ 2,91 biliões, US$ 600 milhões serão pagos em dinheiro e outros US$ 750 milhões serão pagos em ações ordinárias. O restante será pago ao longo de três anos em forma de notas promissórias. Quando a Google comprou a Motorola, a fabricante de celulares tinha US$ 3 biliões em dinheiro em caixa e mais US$ 1 bilião em taxas de crédito a receber.
Assim, você pode descontar US$ 4 biliões do negócio inicial e temos um déficit, por enquanto, de US$ 8,5 bilhões. Em seguida a Google vendeu a divisão de set-top boxes por US$ 2,4 biliões. O déficit na nossa conta cai agora para US$ 6,1 biliões. Agora, foi a vez da divisão de celulares ser vendida, por US$ 2,91 biliões. O déficit em nossa conta cai para US$ 3,2 biliões.
Das 17 mil patentes do início da compra, apenas 2 mil delas vão para a Lenovo. As outras 15 mil permanecem com a Google e serão ainda licenciadas para Lenovo utilizar em seus produtos. Ou seja: é razoável supor que essas 15 mil patentes possam valer US$ 3,2 biliões. No final das contas é como se a Google tivesse desembolsado apenas essa quantia para ficar somente com aquilo que mais achava importante.
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