sábado, 13 de junho de 2015

Farming Simulator 15 (Playstation 3) - análise

A Agricultura é uma das mais antigas actividades humanas e esteve na origem da evolução do ser humano até ao que somos hoje.
Apesar de ser uma actividade tão importante para qualquer sociedade é de lamentar que ainda se encontre tão distante da maior parte do cidadão comum. No entanto, as escolas e ATLs estão a começar a criar programas interessantes neste âmbito e já é normal vermos alguns desses estabelecimentos com as suas mini quintas e colheitas.
Já se aventurou pelas searas virtuais de Farming Simulator 15…
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Seja como for e com um cenário socio-económico cada vez mais opressivo é também verdade que muitas populações (seja nas cidades ou fora delas) estão a voltar para a agricultura. O aparecimento das quintas urbanas é um bom exemplo disso.
Farming Simulator tem vindo a ser nos últimos anos o bastião da simulação neste âmbito e recentemente foi lançado Farming Simulator 15.
Antes de avançar gostaria de fazer uma ressalva importante. A agricultura, e sei por experiência muito próxima, é uma actividade cansativa e na maior parte dos casos, pouco empolgante. Será justo pedir aos leitores desta análise que tenham isso em mente durante as próximas linhas. Uma simulação deste género, para conseguir o seu objectivo, terá de representar essa mesma realidade tal como ela é.
Dito isto, avancemos para a análise de Farming Simulator 15, reforçando que se trata de uma actividade árdua, repetitiva e, em alguns momentos, chata.
Mas comecemos pelo início. Farming Simulator 15, coloca-nos na pele de um responsável (gestor e agricultor em simultâneo) de uma quinta de tamanho médio em duas das possíveis localizações: América ou Países Nórdicos (a inclusão do clima nórdico é interessante e apresenta alguns desafios extra ao jogador, conforme poderemos ver mais adiante).
Como é óbvio o nosso grande objectivo traduz-se no crescimento da nossa quinta e … da nossa conta bancária, claro!
Como seria de esperar, começamos com poucos recursos, seja em dinheiro, seja em equipamentos e capacidade produtiva. A ideia será a de crescer aos poucos e ir evoluindo a nossa quinta, em espaço e em qualidade, de forma a poder retirar o máximo proveito da terra.
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Contudo, e como acontece na realidade, gerir uma quinta de exploração agro-pecuária não é pera doce e, além de ser exigente em vários aspectos (financeiro, gestão de tempo, logístico, …), também é extremamente morosa. E Farming Simulator 15 revela-se extraordinariamente realista neste capítulo.
Conforme mencionei, ao início do jogo temos poucos recursos: meia dúzia de máquinas (tractores e acessórios como ceifeiras ou debulhadoras) e um punhado de dólares.
Não é muito mas para uma fase inicial é o suficiente mas aliado ao fato de termos uma quinta de dimensões consideráveis, o jogador tem o suficiente para dar os primeiros passos na sua carreira de agricultor.
Adicionalmente a quinta vem já apetrechada com a maior parte dos edifícios necessários para o processo produtivo, tais como, armazéns, estábulos, depósitos e silos, …
Contudo e, apesar de tudo isto (não é muito mas o suficiente para iniciar) existe um outro aspecto bastante importante, a paciência. A acrescer a estas deficiências iniciais ao nível financeiro e de equipamentos, o jogador tem obrigatoriamente de manter um grande equilíbrio entre o saber aguardar e o investir.
Para se poder colher é necessário semear e Farming Simulator 15 é pródigo em evidenciar essa máxima. Com os poucos recursos iniciais o jogador tem de saber explorar a quinta de forma a, conseguir ter algum lucro (as galinhas põem ovos todos os dias e podem ser fonte rápida de algum retorno) mas, em simultâneo, evitar cair na bancarrota (os bancos emprestam, e os bancos querem de volta). Gostaria de ter visto a inclusão das flutuações de valores bolsistas de cereais que acrescentaria um pouco mais de credibilidade à componente económica.
Torna-se demasiado fácil cair na tentação de gastar o nosso dinheiro inicial em plantações ou na compra de equipamentos mas, tal como na vida real, esse é na generalidade dos casos um erro crasso que leva à ruina.
É assim extremamente importante saber gastar, quando se deve gastar e na quantidade que se deve gastar. Há que começar por pensar pequeno e aos poucos, ir sabendo pensar um pouco maior.
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Dito isto, é tempo de ir para o campo e começar a ganhar calos nas mãos.
E por falar em ir para o campo, tenho de referir que o grafismo de Farming Simulator 15 se encontra muito bom. As searas, os campos de cultivo, os animais, as florestas, a relva, os modelos dos veículos, …) encontram-se todos bastante bem detalhados visualmente.
Aliás, um aparte para mencionar a qualidade superior da representação digital dos equipamentos reais. A representação gráfica dos equipamentos reais encontra-se quase perfeita e é um regalo para os olhos (sejam ou não apreciadores de agricultura) vê-los a laborar nos campos da nossa quinta. As principais marcas estão disponíveis no jogo, sendo uma questão de ter dinheiro para as comprar e a quantidade de marcas e modelos é imensa. Ver os tractores a percorrer um campo e a ará-lo, ou a usar a debulhadora nos campos de cereais ou depositar os mesmos cereais no tractor de transporte … os pormenores estão extraordinariamente precisos e bem conseguidos.
Bem, mas vamos então para o campo …
Efectivamente é isso mesmo que acontece em Farming Simulator 15. O jogo coloca o jogador na pele do agricultor (visto na 1ª pessoa quando fora dos veículos e na 3ª pessoa quando dentro dos veículos) e o nosso dia-a-dia na quinta é levado ao extremo de ser tal e qual como na realidade.
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O que pretendo dizer com isto é que, apesar de existir uma opção de saltar de veículo em veículo automaticamente, quando temos de executar qualquer tipo de operação com algum veiculo, temos de o fazer em tempo real e durante o tempo que é realmente necessário para tal. Por exemplo, para arar um terreno de alguns hectares, temos de operar o tractor com o arado durante os minutos que são necessários, ou então quando temos de depositar os cereais colhidos no silo, temos de conduzir o tractor com o atrelado ao longo de toda a quinta até ao silo onde os vamos depositar.
Atenção que não quero com isto, dizer que esta parte do jogo se encontra má!?!? Longe disso e muito pelo contrário. Sendo uma simulação, é disto mesmo que o jogador experiente e exigente exige.
No entanto, tenho de deixar uma ressalva para os restantes tipos de jogadores, pois para esses, estes momentos podem ser considerados bastante monótonos.
Contudo foi implementado um sistema de contratação de trabalhadores que, supostamente, nos fariam o trabalho mas … não o fazem. Explicando melhor, quando começamos a espalhar sementes por exemplo, podemos (enquanto dentro do tractor com a semeadoira) contratar um trabalhador que faça/termine o trabalho por nós. A ideia é interessante e libertaria o jogador para outros problemas e tomadas de decisão. No entanto na realidade acontecem coisas estranhas que minam essa funcionalidade, como por exemplo, o grande número de vezes em que os trabalhadores deixam o trabalho a meio (devem ir beber umas jolas para o Café Central da vila). E pior, uma vez que não somos alertados para isso, temos de andar sempre em cima de todos os acontecimentos.
Ainda assim, para que o trabalhador possa fazer o seu trabalho (completo ou incompleto), a nossa quinta terá de ter todos os equipamentos necessários para tal, tendo de estar disponíveis para as tarefas a desenvolver. Caso contrário arriscamo-nos a gastar dinheiro com a contratação do trabalhador e ele não poderá fazer o trabalho. É um pormenor mas que, além de fazer sentido, obriga o jogador a fazer uma gestão mental das necessidades de cada tarefa.
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Seja como for, a Giants Software acrescentou algumas novidades de forma a manter as coisas o mais diversificado possível.
Conforme mencionei mais acima, a inclusão de um clima nórdico acaba por ser refrescante especialmente se tivermos em conta que com ela veio também a inclusão de podermos passar a ter outro tipo de exploração na nossa quinta (juntando-se assim às plantações, ao gado ou galináceos): a madeira.
Sim, a introdução dessa nova actividade na qual exploramos as florestas existentes no nosso terreno com a finalidade de extrair a madeira das árvores é uma inclusão que mais que trazer novos equipamentos e ferramentas, traz também uma nova e diversificada forma de pensar e gerir a quinta.
Seja como for, a existência dessas duas localizações principais (América do Norte ou País Nórdico) podem apresentar características diferentes mas certamente que contam com problemas semelhantes.
Gostaria de referir ainda que essas novas maquinarias e equipamentos têm especificidades muito próprias mas que com o apoio do tutorial e do robusto sistema de ajudas sempre disponível, facilmente o jogador aprenderá a usar.
Existe ainda um ciclo dia noite com mudanças de clima que o jogo introduz e está bastante aceitável mas, muito sinceramente esperava ver um pouco mais, nomeadamente algumas catástrofes naturais para trazer algum maior rigor e exigência ao jogo e obrigar o jogador a medidas extremas para lutar contra esses eventos extremos.
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Uma das coisas que desgostei foi do facto de não aparecerem danos nas culturas quando, por exemplo, passamos pelo meio de um campo cultivado com um tractor. Se é realismo que s pretende, então realismo terá de ser implementado. Como por exemplo, os acidentes de trabalho … não existem. Podemos colocar-nos em frente de um tractor conduzido por um trabalhador que não nos acontece nada.
Aliás, esse problema vai mais além. Quando saímos da quinta e entramos nas estradas nacionais circundantes, existe trânsito e bem podemos ter os acidentes que quisermos que o comportamento dos carros e tractores é ridículo. Batem sem quaisquer danos e continuam o seu trajecto como se nada tivesse acontecido. Por outro lado os transeuntes, que parecem fantasmas, comportam-se como … autênticos fantasmas. Não só na forma de andarem nos passeios de forma alheia, como se formos para cima deles com um tractor, eles passam pelo meio do tractor como se fossem imateriais (em termos de programação, são meros objectos visuais sem massa e portanto, sem pontos de colisão).
Conforme referi mais acima, a nossa quinta logo desde o início que já apresenta uma dimensão aceitável. À medida que vamos adquirindo terrenos vizinhos, maior se vai tornando e muitas vezes torna-se essencial o recurso ao mapa para nos orientarmos. O mapa é, assim, uma ajuda preciosa para sabermos a qualquer momento onde estamos e onde temos de ir, faltando apenas uma legendagem para identificar os diferentes representados. Poderia ter sido incluído um sistema de SetPoints que visualmente nos indicasse no minimapa a direcção a seguir.
Por fim, creio que o jogo carece de uma coisa importante. Não se pode dizer claramente que há um fio condutor no jogo. O objectivo do jogo é o de construir uma quinta robusta e próspera e isso proporciona ao jogador toda a liberdade de decisão sem pressões mas, acho que facilmente se poderia ter incluído um modo campanha ou modo Desafio (onde poderiam ser criados cenários específicos que o jogador tivesse de saber lidar).

Nota Final- 7.5

[0…....10]


A agricultura é … isto mesmo. As mesmas rotinas diárias, a luta dia a dia com os mesmos problemas e todos os dias a preocupação de contar os tostões. Farming Simulator 15 também é isso mesmo. Com um início lento o jogo vai evoluindo duma forma que parece não desenvolver nem ganhar ritmo. Em certa medida é verdade, pois essa é a realidade da actividade que tenta simular. Nesse aspecto a simulação tem de se considerar boa e realista para os fãs da agricultura, mas sendo também esse aspecto um problema para a grande maior parte dos restantes jogadores. Não obstante os problemas que apresenta, Farming Simulator 15 é uma simulação bastante realista da vida numa exploração agricula e não me arrependo de afirmar que é um daqueles jogos que agradará a jogadores fãs de estratégia e da actividade agro-pecuária mas, será claramente pouco atractivo para os restantes.

Homepage Farming Simulator 15

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