segunda-feira, 30 de março de 2015

BQ -Análise aos tablets e smartphones

Uma marca do agrado de muitos Portugueses...
Os dispositivos móveis da espanhola bq têm uma identidade própria, mas o destaque é o compromisso que a marca assumiu em dar aos consumidores tablets e smartphones com os preços justos. E como é difícil encontrar preços justos nos dias que correm.


Atualmente não é difícil comprar um smartphone. Difícil é escolher o telemóvel que se quer. Isto porque há equipamentos para todos os preços, de diferentes marcas e com características variadas. Mas também há muita repetição e por este mesmo motivo os consumidores acabam por ficar confusos: porque há uma discrepância tão grande de valores?

Esta situação é ainda mais acentuada no universo Android onde a experiência de utilização do sistema operativo é na sua grande maioria igual. Porque é que existem telemóveis como o Samsung Galaxy S5 que custam 650 euros na hora de lançamento e outros equipamentos mais poderosos, como o OnePlus One, conseguem chegar com um preço quase três vezes inferior?

A resposta pode ser dada de muitas formas e seria preciso cada empresa responder por si para perceber o que move cada uma na estratégia de comercialização de equipamentos.

A bq é uma das empresas que tem tentado garantir um equilibrio daquilo que seria ideal para o consumidor: um preço muito próximo ao real valor que o telemóvel garante – e sim, estou a assumir que um smartphone mesmo sendo topo de gama, dificilmente vale os 700 euros pedidos. Não é a única marca que o faz – basta lembrar por exemplo a Wiko -, mas é talvez aquela que o faz há mais tempo no mercado português.

A tecnológica espanhola esteve recentemente em Portugal para apresentar os seus dois novos dispositivos – o smartphone Aquaris E5 4G e o tablet Aquaris E10 – e o CEO da empresa defendeu na altura que o objetivo primário é “entregar os melhores equipamentos ao preço mais justo e com a melhor experiência de utilização”.



Ao longo das últimas semanas estes dois equipamentos e no final fica a sensação de que a empresa está de facto a cumprir com a missão a que se propôs. Ou seja, os telemóveis da bq entregam aquilo que a maioria dos utilizadores procura num equipamento e por um preço mais simpático do que as grandes marcas de smartphones como a Samsung, Sony, LG e Asus costumam praticar.

Estes são os pontos positivos e negativos da nova dupla da bq para o mercado português.


bq Aquaris E5 4GO smartphone é em tudo semelhante ao bq Aquaris E5 que já está no mercado há algum tempo. O grande diferencial está no suporte para redes móveis de última geração, o 4G, que coloca o telemóvel melhor posicionado para responder a algumas das novas necessidades dos utilizadores.

Neste ponto a velocidade de navegação na Internet foi sempre boa e dentro da cidade de Lisboa foram raras as vezes em que a rede 4G não esteve ligada. Este bq Aquaris não apresenta a mesma capacidade de débito de outros equipamentos que estão no mercado, mas é notória a diferença que existe por exemplo para smartphones limitados a redes 3G.

Claro que o utilizador precisa de ter um tarifário de telecomunicações que permita tirar partido desta vantagem. Mas mesmo que o 4G não seja para já uma necessidade, mas antes uma perspetiva de investimento, o Aquaris E5 4G apresenta-se como um telemóvel com uma boa relação qualidade preço.

O ecrã é de cinco polegadas e tem uma resolução HD, mas conseguindo apresentar uma boa definição e tendo a seu favor o facto de apresentar cores brilhantes e vivas. O processador de quatro núcleos garante um desempenho limpo e sem engasgos – e assim devia ser a experiência de todos os Android -, muito por causa da escolha de usar uma versão “pura” do sistema operativo móvel da Google.

Aplicações de redes sociais, de jogos e outras de entretenimento – como o Twitch – não apresentaram qualquer problema ao nível do desempenho, o que indica que também no aspeto gráfico o smartphone da bq está talhado para responder às exigências das aplicações atuais.



Mas como telemóvel o Aquaris E5 4G acaba por desiludir em alguns pontos como ao nível do design – é um equipamento demasiado grosso para os dias atuais – e ao nível do sensor fotográfico. Apesar de apresentar uns respeitosos 13 megapíxeis na câmara principal, a verdade é que a qualidade das fotografias deixa um pouco a desejar e mesmo em condições de boa luminosidade existe demasiado “grão” nas composições.

Quando as condições de luminosidade são más é ainda mais notória a pouca capacidade do sensor escolhido para o smartphone.

Lamenta-se ainda o facto de apenas ter disponível 1GB de RAM pois apesar de o Android ter ficado mais “leve”, com o tempo algumas aplicações, sobretudo os jogos, tendem a ser mais exigentes o que pode comprometer a experiência a médio e longo prazo.

Resumindo, um smartphone muito equilibrado, com as características técnicas que permitem ter uma utilização saudável do telemóvel e tudo por um preço acessível de 209,90 euros – para a variante com 8GB de armazenamento interno. O facto de ter suporte para dois cartões SIM ajuda a aliciar ainda mais quem é muito dado às comunicações móveis.


bq Aquaris E10A espanhola bq tinha até aqui vindo a praticar duas estratégias diferentes dentro da área mobile. Mas talvez com base no sucesso que tem tido nos smartphones, decidiu aplicar a fórmula Aquaris a um tablet e o resultado final é um equipamento muito interessante para quem procura uma ferramenta de entretenimento e também para a área profissional.

A rapidez com que é possível executar tarefas e aplicações no tablet colocam-no bem posicionado para a consulta de informação de forma rápida – pode por exemplo usar o equipamento como um ecrã de apoio para ler e enviar informação para os colaboradores da empresa.



Usar o tablet como ferramenta de trabalho esporádica também não foi um problema .

A resolução do ecrã de 10 polegadas é apenas HD e esse é de facto um ponto negativo pois nota-se claramente que o ecrã não é um dos pontos fortes do equipamento – e num tablet o ecrã deve ser responsável por 50% da decisão de compra. E mesmo ao nível de cores não existe um brilho tão apelativo como no smartphone 4G.

Já o aspeto robusto que não gostamos no Aquaris E5 4G está outra vez replicado no Aquaris E10, mas no tablet a fórmula ajuda a que o resultado final seja muito mais positivo. Num tablet de grande dimensão é bom ter grossura por onde agarrar e dar estabilidade ao equipamento – pois escrever num dispositivo muito fino sem a ajuda de uma capa torna-se uma tarefa “tremida”.

Este não é um tablet para segurar durante uma hora a fio sem o pousar pois o tamanho e a robustez sentem-se no peso. Mas o Aquaris E10 não deixa de ser bastante portátil e ergonómico, cabendo em qualquer mochila ou pasta de executivo.

Quanto à área dos jogos não é fácil colocar o Aquaris E10 como um dispositivo indicado para a tarefa. Pois apesar de aguentar bem o grafismo de vários títulos, o grande tamanho do ecrã e o facto de a maior parte das aplicações para Android serem “esticadas” na versão tablet dão origem a uma experiência que não é a mais apelativa.

E apesar de vir com uma câmara fotográfica traseira, a mesma é de baixa qualidade e seria preferível ver a bq a fazer uma única aposta e mais robusta na câmara frontal em vez de gastar “cartuchos” com uma câmara que nem sequer consegue justificar-se.

O Teste tinha suporte para cartão SIM, o que coloca o equipamento nos 299,90 euros. Pelo desempenho, características e qualidade que apresenta, só peca mesmo pelo ecrã pouco ambicioso. Façam-no Full HD e será difícil resistir-lhe.

Há uma versão mais barata, na casa dos 259,90 euros, e talvez essa seja a proposta mais “justa” e mais apelativa sabendo que poucos darão um uso pleno às capacidades de comunicação móvel num tablet.































O temor das marcas low cost
Mas qual a razão para muitos consumidores não comprarem equipamentos equilibrados como os da bq, Wiko ou Yezz? A justificação está justamente no nome: não são tão conhecidos, não têm um passado tecnológico forte e de relevo e ainda têm de conquistar a confiança dos utilizadores.

Neste caso em particular, o da bq, gostava de explicar que percebo a preocupação que alguns consumidores podem ter e, ironia ou não, fui vítima de falhas que ajudam a criar uma opinião desfavorável relativamente a estes dispositivos móveis mais baratos.

A análise feita ao Aquaris E5 4G foi um desastre isto porque o primeiro equipamento simplesmente não funcionava. Ligava, aguentava-se uns minutos ligados, mas depois congelava e acabava por ficar com o ecrã todo preto. Era necessário desligar o equipamento “à bruta”, mas nem depois da reinicialização o smartphone ia ao sítio.

Fiz alguns resets de fábrica e tudo continuou na mesma. Só com a troca do equipamento a questão ficou resolvida.

Pensei "talvez fui vítima do “azar”, que fiquei com a ovelha negra da linha de produção. Isto até ver que o tablet que tinha comigo também em três ocasiões reiniciou sozinho, sem motivo aparente e sem que nada o justificasse. Sempre que aconteceu não estava a meio de nada importante, mas podia ter causado a perda de algum trabalho. E isso é algo que ninguém quer, nem a própria bq.



Quer isto dizer que a bq é uma marca a evitar? Longe disso. Quer dizer que estou na obrigação de transmitir todas as experiências que tive com estes dois equipamentos da empresa.

E a bq é uma marca que tem ainda muito para aprender no que diz respeito ao desenvolvimento e fabrico de telemóveis. A empresa tem compensado esta parte com um apoio ao cliente que está disponível de várias formas e é desta maneira que tem conquistado a confiança de muitos portugueses.

E na minha opinião o facto de a bq estar a preparar a atualização de uma boa parte dos seus dispositivos para o Android Lollipop ajuda mais uma vez a justificar a questão do "justo preço" do equipamento – quando se compra um telemóvel não é só para um mês, é para vários anos – e o compromisso que a empresa está a assumir no campo da satisfação do cliente.


Considerações finaisA bq tem conquistado espaço no mercado português sem recorrer a nenhum fórmula mágica. Recorre sim ao entendimento correto dos desejos do utilizador: quer smartphones com ecrãs grandes, com processadores que garantam uma jogabilidade limpa e o acesso rápido à Internet, além de conseguir manter um preço acessível.

E que fique aqui saliente, a questão das falhas é transversal a uma grande variedade de equipamentos que existem no mercado, não é só um problema da bq. Podem ser outro tipo de falhas, mas não deixam de condicionar o pacote todo.

Mas mesmo tendo estas experiências negativas, os equipamentos da bq acabaram por convencer. Talvez mais o tablet do que o smartphone - a linha Aquaris E5 já não apresenta surpresas -, mas o desempenho foi sempre fluído, vão garantir acesso à próxima versão do Android e lá está, têm o tal "preço justo".

O mais importante num dispositivo móvel é a experiência de utilização - e foi por isso que durante muito tempo o Android como sistema operativo foi criticado - e a bq entrega isso, em dispositivos com valor e que devem constar na lista de qualquer pessoa que tenciona comprar um tablet ou smartphone no segmento de média gama.

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