O ator faleceu no final de 2013 e tinha várias cenas ainda por fazer no próximo filme da franquia, mas graças aos recursos de computação gráfica seu personagem não deve ser excluído da trama
Ainda que muitos torçam o nariz e digam que “Velozes & Furiosos” se tornou um caça-níqueis sem graça e de infinitas sequências, a comoção foi mundial quando veio à tona a notícia de que Paul Walker havia falecido em um acidente. O próximo filme da marca já estava em produção quando a tragédia ocorreu, mas o ator só havia feito parte de suas cenas.
Naturalmente, a primeira coisa que se pensou é que a Universal Pictures eliminaria o personagem de Walker, inventando na trama alguma desculpa sobre sua saída. Entretanto, há rumores contundentes de que o estúdio manterá a presença do ex-policial Brian O’Conner utilizando a tecnologia como recurso.
O site Confidenti@l — do respeitado portal de notícias Daily News — diz que seu informante, que tem acompanhado a produção de perto, afirma que foram contratados quatro atores com o físico bem parecido ao de Paul Walker para serem usados como base para a movimentação do personagem.
O rosto de Walker seria inserido nesses dublês através de computação gráfica e sua voz gerada a partir de ferramentas digitais. Rumores anteriores diziam que um dos quatro duplos contratados era Cody Walker, irmão mais novo — e sósia — do ator, mas isso não foi confirmado pelo informante.
Cody Walker à esquerda, Paul Walker à direita (Fonte da imagem: Reprodução/Liberty Voice)
O início da tendência
O artifício de inserção de atores por meios digitais, ainda que não tenha sido executado de forma impecável — ou imperceptível — até o momento, não é novidade em Hollywood. A tendência, que iniciou-se cerca de 12 anos atrás com blockbusters como “Homem-Aranha”, “O Senhor dos Anéis: As Duas Torres”, “Hulk” (de Ang Lee) e “Matrix Reloaded”, começou como uma proposta mais modesta que apenas se arriscava a criar duplos e figurantes em planos mais abertos ou criaturas inexistentes, impossíveis de retratar através de maquilhagem.
Mais tarde, em 2009, um passo mais ousado foi dado no prólogo de “O Exterminador do Futuro” dirigido por McG. A produção fez uso de modelos de corpo e animação computadorizada para reproduzir o T-800, ciborgue originalmente interpretado por Arnold Schwarzenegger, com a mesma aparência do ator no primeiro filme da série, lançado em 1984. O recurso, ainda que evidente, foi elogiado por muitos críticos como único ponto que gerou entusiasmo no filme — que recebeu duras avaliações em sua estreia.
A prática traz à perfeição
Desde então, a tecnologia avançou muito e animações como a projeção holográfica do falecido rapper Tupac Shakur no festival Coachella já têm a competência de provocar no público sensação de estranheza, tornando mais difícil distinguir computação gráfica de realidade.
Outro exemplo é a campanha publicitária do chocolate britânico Galaxy, em que a atriz Audrey Hepburn, de “Bonequinha de Luxo”, foi ressuscitada e rejuvenescida digitalmente para atuar em um comercial. A reprodução da aparência e movimentação da atriz foram motivo de deslumbre generalizado, devido a sua perfeição. Claro que isso veio ao custo de muito trabalho: animação de um minuto demorou um ano para ser concluída.
Novas possibilidades, novos problemas
No entanto, o tema tem gerado debate na indústria do entretenimento. Questionamentos sobre até onde é possível levar a utilização desses recursos sem ferir direitos de imagem ou ofender familiares vêm surgindo e pedindo a elaboração de uma nova legislação que abranja o assunto. De qualquer forma, é bom que a regularização da prática venha logo, pois com o aperfeiçoamento a técnica, já tem muita gente por aí querendo usá-la para vários projetos.
O caso de Paul Walker não é o único que repercutiu recentemente levantando a discussão.Phillip Seymour Hoffman, falecido em fevereiro do mês passado, também estava trabalhando em uma franquia de cinema. Faltando apenas uma semana para concluir as filmagens de suas cenas na série “Jogos Vorazes”, Hoffman tinha um papel de tamanho razoável no filme. A solução encontrada pelo estúdio para suprir sua ausência será a mesma de “Velozes & Furiosos” ou velocidade furiosa: invocar o ator dos mortos através do computador.
Paul Walker faleceu no dia 30 de novembro de 2013 em decorrência de lesões traumáticas e queimaduras após um acidente de carro. Ele tinha 40 anos e morreu pouco antes de um evento beneficente do qual participaria. Interrompida desde a tragédia, a produção de “Velozes & Furiosos 7” será retomada no próximo mês. O filme teve seu lançamento adiado para 10 de abril de 2015.
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