domingo, 24 de novembro de 2013

Porto, Benfica... liga



F.C. Porto-Nacional, 1-1 

F.C. Porto-Nacional, 1-1 (crónica)
Parecia simples, não era? A «besta negra» do Dragão voltou a incomodar o F.C. Porto e roubou dois pontos num jogo em que veio, de novo, ao de cima a incapacidade portista para resolver as partidas antes de as tentar controlar. E se, em outras alturas, o final foi o desejado, desta feita a liderança fica presa por um ponto após uma igualdade que só começou a parecer possível minutos antes de acontecer mesmo.

Antes dos golos, que surgiram ambos na segunda parte, esteve quase tudo no sítio certo. O F.C. Porto atacou mais, como se previa. O Nacional mostrou-se em bloco baixíssimo, como se esperava.

Com estes ingredientes não seria difícil adivinhar o resultado final: F.C. Porto a massacrar, Nacional a defender como podia. Mas não foi nada disso. Nem o F.C. Porto massacrou, pese a esmagadora possa de bola, sobretudo até ao intervalo, nem o Nacional se viu muito aflito. Quase sempre bastou ser competente.

Miguel Rodrigues foi tremendo, Gottadi foi decisivo, mas analisar este encontro é, essencialmente, perceber o que não fez o F.C. Porto.

É verdade que na primeira parte, essencialmente, o meio campo portista, não fosse a noite gélida, seria palco de luxo para qualquer piquenique. Quem lá assentasse arraiais não seria muito incomodado.

Mas também é certo que o domínio portista foi totalmente consentido e, em largos minutos, inconsequente. No primeiro tempo, exceto um lance em que Gottardi nega o golo a Jackson, isolado, e três ou quatro tentativas de meia distância, o F.C. Porto pouco fez que se visse.

O esquema de Paulo Fonseca tem uma nuance claramente vísivel a olho nu: Josué nem sequer se preocupa em ser extremo. Surge no papel como falso ala, mas nunca o é: é mais um médio. Coloca-se no centro, atrás de Lucho e Jackson e o F.C. Porto fica coxo.

Assim, a equipa ou ataca pelo centro, facilitando a vida ao adversário, ou aposta em Varela, que viveu noite pouco inspirada, ou, em último caso, vai cruzando de muito longe, pelos laterais, a quem falta, muitas vezes, apoio para chegar mais perto da área. E, aí, uma defesa concentrada, como o Nacional teve sempre, vai chegando para resolver.

Curiosamente até seria (quase) assim que o F.C. Porto chegaria ao golo, já no segundo tempo, mas, no primeiro, foi mais transpiração do que outra coisa qualquer. Querer massacrar e não ter arte.

Problemas? Varela claramente em noite não, como se disse, Lucho pouco em jogo e Josué, mesmo que pelo centro, só durou 45 minutos. A somar a isto, Paulo Fonseca parece ter mexido tarde na equipa. Fez a primeira substituição numa altura em que Manuel Machado já havia esgotado as dele.

É verdade que o jogo ficou bem diferente depois de Jackson abrir o ativo, num cabeceamento perfeito, após centro de Danilo. Mas, pese os avisos de um encontro cada vez mais partido, o técnico portista, apostou na mesma toada. A equipa não resolvia o jogo e o Nacional, num contra-ataque empatou.

Mateus trabalhou bem na esquerda, Otamendi evitou o golo sobre a linha mas Rondon, solto, fez um golo fácil. Faltavam menos de dez minutos e o F.C. Porto percebeu que seria obrigado a trabalhos forçados.

Nem quinze minutos antes parecia impensável o Nacional incomodar tanto o F.C. Porto, mas o golo, quando surgiu, já nem foi surpresa assim tão grande.

Depois de marcar o Nacional voltou à ideia inicial e Paulo Fonseca atirou a equipa para a frente com Ricardo em vez de Herrera. Antes, já Quintero e Licá tinham sido lançados.

Nos descontos, Lucho isolou Jackson que teve tudo para vestir, mais uma vez, a pele de salvador, mas Gottardi foi gigante e fechou-lhe a baliza. Se não foi ali, não seria mais. E não foi.

Apito final pouco depois, assobios e dois pontos a voar. Quatro em duas jornadas, pese o intervalo de três semanas entre os dois jogos. Este F.C. Porto já esteve bem mais confortável na Liga.
Benfica vs Sporting Braga (Lusa)

Ufa! O Benfica resistiu a uma noite pouco inspirada das suas principais unidades, à falta de Cardozo e Jesus, e a duas bolas do adversário no ferro. Valeu Matic, que teve de fazer tudo sozinho. Roubou a bola, a pouco mais de 15 minutos do fim, cresceu para a área e rematou cruzado para um golo fantástico, que valeu três pontos e mantém a pressão sobre os rivais.

Só a notícia, que chegou com o aquecimento, de que Cardozo não ia a jogo fazia antever muitas dificuldades para o Benfica esta noite. Essa má notícia parecia acentuar-se com um domínio evidente mas com poucos metros pisados na área contrária, e a consequente ineficácia na criação de oportunidades de golo. Nesses dois ou três momentos, sobretudo nos primeiros 45 minutos, sentiu-se claramente que com o paraguaio em campo as coisas poderiam ter começado a correr bem, bem cedo. 

O Sp. Braga, talvez ferido pelas quatro derrotas consecutivas, não foi também o mesmo de outros embates aqui na Luz. Abdicou da pressão no meio-campo contrário e encolheu-se, esperando que os ataques dos rivais, órfãos do seu maior goleador, acabassem por passar. É preciso fazer-lhes justiça e dizer que os minhotos nunca abdicaram do contra-ataque, e até tiveram uma bola à trave, por Éder (teriam outra, por Rafa, no início do segundo tempo), mas a forma como se estenderam (ou pouco estenderam) no relvado diz-nos que quase nunca quiseram jogar de igual para igual com os encarnados. Um Braga de outros tempos teria crescido das incertezas que iam crescendo no seio do rival, e só o fez porque a isso foi obrigado com a desvantagem no marcador.

O plano A (e também B?): as diagonais de Markovic
No primeiro jogo sem Jesus desde o início do castigo, houve algumas mudanças. Cardozo ficou de fora, com uma lombalgia, Sílvio passou da esquerda para a direita para dar entrada a Siqueira, Djuricic fechou o triângulo deixado aberto pela lesão de Rúben Amorim. Lima fez novamente de 9. O plano de jogo, percebeu-se rapidamente, era tentar aproveitar as diagonais de Markovic e, quando isso não fosse possível, a eventual surpresa da chegada de Djuricic à frente de Eduardo. Graças à atenção de Nuno André Coelho, que fez três cortes fantásticos na primeira parte e manteve altos os índices de concentração na segunda, isso não resultou.

Já o Sp. Braga aguentava o facto de não ter bola até ao limite para depois, com Micael, Éder e Alan tentar fazer estragos. Mas também aí, para o lado dos visitantes, não se criava muito perigo. Éder dava trabalho, é verdade, mas com a ajuda do ferro, por uma vez, e com maior ou menor dificuldade, os centrais benfiquistas iam dando conta do recado. 

Da trave ao solo de Matic
Com o regresso dos balneários pouco mudou. Ou melhor, mudou um pouco o Sp. Braga, que parecia acreditar que era aquele o momento certo para retirar algo do encontro a seu favor. O Benfica sentia o rival em cima da sua grande área e Rafa, muito irrequieto, teve duas jogadas em que podia ter feito a diferença. Na primeira, a trave assumiu o lugar de Artur, na segunda ninguém percebeu onde ia entrar o cruzamento.

Se o Sp. Braga nunca desistiu do contra-ataque, os jogadores dos encarnados também foram tentando chegar ao golo. Aos 55, Markovic iria atirar por cima num cruzamento rasteiro do compatriota Djuricic; e os dois acabariam mesmo por ser sacrificados pouco depois. Primeiro, entraria Rodrigo, depois Ivan Cavaleiro, com este a entrar com vontade e de facto a mexer no ritmo da partida. Eduardo ainda evitou o golo do jovem sub-21, mas nada poderia fazer, aos 73 minutos, perante o regresso ao passado de Matic. O médio sérvio roubou a bola a Mauro, e foi para a baliza, rematando cruzado bem na frente de Santos. A bola entrou junto ao poste contrário.

Era a vez de Jesualdo mexer e tentar tudo, com as entradas de Hugo Vieira e Pardo. Mas o mais difícil para o Benfica estava conseguido: marcar um golo numa noite gelada, sem Cardozo, e em que tudo parecia estar a correr mal (até a lesão de Siqueira, que deixou o banco encarnado sem poder usar uma última opção de ataque, que seria Funes Mori). Valeu o sérvio do antigamente. E que sérvio foi!

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