Depois de se tornar mais confiável com o Jelly Bean — e o seu Project Butter —, o chamado Project Svelte apareceu para cortar gorduras, com potencial para rodar mesmo em aparelhos mais modestos
O Android parece ter amadurecido como sistema operacional. Com a proposta denominada “Project Butter”, da qual se originou o Jelly Bean (4.1), o SO ganhou maior confiabilidade em sua interface de usuário, ganhando o que a Google defende ser uma paridade com a concorrência — o iOS, bem entendido. Qual seria o próximo passo? Perder alguns “quilinhos” extras adquiridos durante o processo, a fim de conseguir uma melhor performance.
Há, é claro, um nome fantasia para identificar o novo foco das atenções da Google. Trata-se do “Project Svelte”, cujo resultado foi o alardeado Android 4.4 KitKat. “Quando eu comecei, nós brincávamos que a meta do Project Butter era deixar o sistema mais responsivo”, disse o engenheiro-chefe para o Android, Dave Burke, em entrevista ao site ReadWrite.
“Ocorre, entretanto, que a manteiga [butter] ocasiona o ganho de peso. Então eu bolei o Project Svelte [esbelto] para perder peso. Dessa forma, a minha contribuição para o Android foi, basicamente, zero”, brincou o sujeito.
Project Svelte e Nexus 4
(Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Trazudido em termos mais práticos, o Project Svelte teve por objetivo tornar as soluções de design do sistema operacional acessíveis a praticamente qualquer aparelho construído. De fato, o Android KitKat pode rodar em gadgets com apenas 512 MB de memória RAM, reduzindo a fragmentação do SO e diminuindo a necessidade do Gingerbread (2.3) em smartphones mais modestos.
Mas a coisa toda foi tornada ainda mais prática pela equipa de Burke. “A meta do Project Svelte foi, basicamente, reduzir a utilização de memória, limitando-a a 512 MB”, disse ele à referida publicação. “A forma como conseguimos isso foi... Pegando um Nexus 4 e adaptando-o para rodar em 512 MB.”
“Vamos levar para casa e ver no que dá”
Em seguida, a equipe forçou o KitKat a trabalhar em uma resolução mais baixa e também a rodar com apenas dois processadores, em vez de quatro. Mesmo a frequência de processamento foi baixada antes que cada um dos engenheiros levasse para casa uma cópia “capada” do aparelho, garantindo uma experiência mais próxima.
(Fonte da imagem: Divulgação/Google)
“Nós adaptamos a resolução para o qHD, que é 960x540, já que é uma espécie de ponto ideal para smartphones mais modestos”, disse o sujeito. “Nós reduzimos o número de CPUs de quatro para duas. Reduzimos o clock e outros adicionais. Literalmente, muitos de nós usaram isso como telemóvel principal”, garantiu Burke, reforçando a experiência “dolorosa”, ao menos no início.
Quatro objetivos
Uma vez configurado o Nexus 4, o grupo de engenheiros da Google definiu quatro balizas para a “redução de gordura” que desembocaria no Android 4.4 KitKat:
- Reduzir a utilização de memória do sistema;
- Reduzir a utilização de memória de aplicativos que rodem em aparelhos da Google Experience (Nexus);
- Reparar a forma como os aplicativos reagem aos travamentos em situações de pouca memória disponível; e
- Prover melhor instrumentação para medida de como os apps estão rodando no Android, a fim de fornecer aos desenvolvedores uma perspectiva de quanta memória seus aplicativos consomem.
(Fonte da imagem: Divulgação/Google)
A última diretriz foi materializada no modo “ProcStats”, o qual permite que a Google monitore a utlização de memória RAM por parte dos apps, dividindo aqueles com processos moderados daqueles que devoram os recursos do sistema. Como resultado, por fim, o KitKat deve mesmo se consagrar como o Android mais funcional e enxuto — um novo passo natural depois da necessária ingestão de gorduras, é claro.
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