sexta-feira, 19 de julho de 2013

A crise já vê no consumo da tecnológia em Portugal


Os portugueses deram um salto de gigante no uso das novas tecnologias, concluem os estudos. Mas temos que precisar de que tecnologias estamos a falar. Se de telemóveis ou computadores, por exemplo. Aderimos tão rapidamente quanto os europeus ao uso dos telemóveis e até temos mais unidades do que a média da União Europeia (UE). O mesmo já não se poderá dizer da utilização da Internet, das mais baixas entre os 27 Estados membros. A culpa é da baixa escolaridade, justifica o sociólogo Gustavo Cardoso. É preciso conhecimento e informação para tirar partido de um computador.
As assinaturas do telefone móvel ultrapassaram as do fixo em 1999, quatro anos após a introdução do primeiro cartão pré-pago do mundo, que é português e se chama Mimo (ver vídeo). As subscrições da rede fixa passaram de 15 para 42 em cem habitantes nos 25 anos de adesão de Portugal à Comunidade Europeia, mas desde 2000 que perderam relevância. E a queda não é ainda mais abrupta devido aos pacotes três em um disponibilizados pelas operadoras (telefone, televisão e Net).
O número de telemóveis excedeu a população residente logo em 2004, existindo atualmente 143 aparelhos por cem habitantes. Mais 22 do que a média da UE, uma descolagem que iniciámos em 1997. Também gastamos mais em telecomunicações, 1,5% do PIB.
Gustavo Cardoso, diretor do Observatório da Comunicação (Obercom), considera que o número de aparelhos por habitante diz pouco sobre o uso das tecnologias, até porque muitas utilizadores trocam de aparelhos e não desativam os números que a eles estão agregados. "A utilização de telemóveis em Portugal é igual aos restantes países da UE, a tendência é para que existam mais telemóveis do que pessoas. Outra coisa são as pessoas que ainda não têm telemóvel, e há um número muito reduzido que não tem", argumenta. E verifica-se outra alteração: os jovens estão a enviar menos mensagens por telemóvel e a usar mais a Internet para comunicar.
Já na utilização da Net estamos longe das médias comunitárias. "Há mais 20 europeus do que portugueses por cem habitantes a usar a Internet e menos 31 europeus que portugueses que nunca a ela acederam", diz o estudo "25 anos de Portugal europeu". Isto, apesar de Portugal ser um dos seis países na UE que tem os principais serviços públicos online.
"A utilização da Internet tem a ver com a escolaridade da população, com as capacidades individuais. Quanto mais alta é a escolaridade, maior é o número de utilizadores. A utilização entre a popu- lação universitária ronda os 100%. O que tem que ver com a baixa escolarização reflete-se no uso que os portugueses fazem das tecnologias, no resto está a acompanhar as tendências europeias", explica Gustavo Cardoso, salientando uma mudança recente: "Há pessoas que deixaram de usar a Internet devido à crise, o que está a acontecer em todos os países. Temos entre dois a três por cento de ex-utilizadores."

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